Autora: Renata Camurça
3 de julho é marcado por ser o Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, é muito importante não deixar a data passar batida e chamar a atenção para o tema, quando 71 anos após ser criada a primeira lei brasileira contra o preconceito, os efeitos da discriminação ainda são ostensivos na sociedade brasileira.
A taxa de homicídio de negros cresce a cada ano, enquanto a de não negros cai desproporcionalmente, os dados só confirmam a desigualdade racial. Por isso, o combate à discriminação racial deve ocupar todos os espaços dentro de uma sociedade, temos que praticar a paz, o respeito, o diálogo, o amor e um dos caminhos para alcançar o entendimento é através da leitura e da informação.
Chega de violência, basta de tanto preconceito! Vamos valorizar o ser humano e lutar para que todas as pessoas tenham os seus direitos garantidos. Que venham as mudanças de pensamento e de comportamento!
Pensando nisso, resenhei o livro “O OLHO MAIS AZUL”, Toni Morrison que vai te ajudar a compreender um pouco mais sobre o racismo. Vale a pena dizer que a escritora talentosíssima foi a primeira mulher negra a ganhar um Prêmio Nobel de Literatura, em 1993. Confira:
“Todas as noites, Pecola Breedlove reza para ter olhos azuis. Zombada pelas outras crianças por sua pele negra e seu cabelo crespo, a menina anseia por se encaixar no padrão de beleza da sociedade americana dos anos 1940: quer ser branca e loira, assim como a atriz mirim Shirley Temple. No entanto, à medida que cresce seu delirante e inconsciente desejo de aceitação, Pecola se vê presa a uma realidade cada vez mais violenta.”
No livro “O Olho Mais Azul” a autora leva o leitor a momentos de reflexões sobre como o racismo, pobreza e os padrões de beleza afetam a vida e a saúde mental das pessoas. Crianças, mulheres, homens, mães, pais, filhas são discriminados, marginalizados, violentados em um mundo que os obrigam a ficar à margem da sociedade.
A obra se passa nos anos 40 e mostra como era ser negro naquela época por meio da história da menina Pecola Breedlove, uma criança negra de 11 anos, pertencente a uma família desestruturada, que tinha o anseio de ser vista, de receber atenção das pessoas e ser amada. Feia e rejeitada, Pecola acreditava que ter os olhos mais belos e azuis era a solução para todos os seus problemas.
O livro é dividido em quatro partes, as estações do ano e em cada estação, são relatados acontecimentos tristes que findam em uma grande tragédia humana. Um retrato fiel de uma sociedade segregada, onde ciclos de violência física e figurativa se repetem até agora.
A história é narrada por diversas vozes negras que observam as dores de Pecola e ao mesmo tempo vivem os seus próprios dramas e conflitos.
A brilhante escrita de Toni facilita visualizar o racismo e os abusos sofridos pelas aquelas pessoas, que acabaram desenvolvendo ódio por seus próprios corpos.
Atualmente, essa é mais que uma leitura relevante, é absolutamente necessária. Ficou óbvio que o livro “O Olho Mais Azul” entrou para a minha lista de leituras favoritas.
Boa leitura!
“O silêncio e a solidão a acalmavam e energizavam ao mesmo tempo.”
“Estava na hora de reunir os pedaços todos, criar coerência onde antes não havia nenhuma.”
“Assim, ela se transformou, e o seu processo de transformação foi semelhante ao da maioria de nós: desenvolveu ódio pelas coisas que a confundiam ou obstruíam; adquiriu virtudes fáceis de manter; atribuiu-se um papel no esquema das coisas; e, como gratificação, retornou tempos mais simples.”
“Perigosamente livre. Livre para sentir qualquer coisa – medo, culpa, vergonha, amor, pesar, pena. Livre para ser terno ou violento, para assobiar ou chorar… livre para arrumar um emprego, livre para deixa-lo.”
“O amor nunca é melhor do que o amante. Quem é mau, ama com maldade, o violento ama com violência, o fraco com fraqueza, gente estúpida ama com estupidez, e o amor de um homem livre nunca é seguro. Não há dádiva para ser amado. Só o amante possui a dádiva do amor.”