Ameaças públicas e veladas demostram o patamar do perigo que estão sendo submetidos servidores públicos da Secretaria de Estado do Desenvolvimento (Sedam) e policiais militares.
Cansados de assistir de braços cruzados uma possível investida de grupos criminosos dentro do Parque Estadual Guajará-Mirim, membros do Conselho do Parque resolveram implorar ajuda aos órgãos de fiscalização estaduais, Justiça e o próprio governador Marcos Rocha (sem partido).
O pedido de socorro veio por meio de uma Carta de Repúdio, onde pontua os seguintes itens: Proteção aos envolvidos, incumbidos em salvaguardar o PEGM, a justiça com a autorização da reintegração imediata da posse, o Fortalecimento das Equipes, inclusive estrutural com equipamentos de proteção individual e de defesa. Além disso, é solicitada que a polícia investigue e puna envolvidos nos crimes ocorridos contra os servidores durante atuação.
O documento também menciona o governo, principalmente no que tange a demora para requerer uma ordem judicial que possa levar a reintegração de posse, o que consequentemente ocorreria na retirada dos invasores. “Essas pessoas estariam sendo responsáveis pelos crimes ambientais como o desmatamento de uma área imensa na região”, é o que declara a coordenadora da Associação Etnoambiental Kanindé, Neide Bandeira.
No dia 07 de dezembro, membros do Conselho se reuniram na Câmara de Vereadores de Nova Mamoré (RO), na ocasião a entidade declarou apoio aos servidores que estão sofrendo ameaças. Eles exigem que o governo estadual destine mais equipes de fiscalização na área.
A reportagem do News Rondônia apurou que a insegurança é tamanha que no início deste mês uma patrulha foi vítima de uma emboscada, dois servidores da Secretaria de Desenvolvimento chegaram a ser alvejados por tiros.
Um trecho da Carta destaca que o “parque vem sofrendo constantes invasões, o que representa uma das principais causas de desmatamento e ameaças à vida dos servidores, cabendo ao Estado tomar providências para que o crime organizado seja desarticulado e controlado nas Unidades de Conservação do Estado de Rondônia”, traz a carta.
Com 216,6 mil hectares, o Parque Estadual de Guajará-Mirim fica na parte centro-oeste do estado de Rondônia, abrange afluentes da bacia hidrográfica do Rio Jaci Paraná, entre os municípios de Nova Mamoré e Guajará-Mirim. A área também atinge o chamado Corredor Ecológico Guaporé/Itenez-Mamoré com limites da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau e do Parque Nacional dos Pacaás Novos.
Segundo o professor doutor em Biologia Animal pela Universidade de Brasília, Julio Dalponte, “a área serve de tampão, barrando grande parte da pressão de atividades humanas que vêm do eixo da BR 364 e está inserido em uma região de extrema diversidade biológica, abrangendo quatro regiões ecológicas sul-americanas: floresta úmida tropical, florestas úmidas do sudoeste da Amazônia, florestas úmidas de Rondônia e Mato Grosso, além de pântanos e florestas de galeria do Departamento de Beni, na Bolívia”, informa.