Em uma cartinha enviada ao projeto Papai dos Correios, uma criança do município de Rolim de Moura, distante, 482 KM da capital Porto Velho Rondônia resolveu fazer do momento lúdico um pedido de socorro. Em poucas palavras ela declara que teme que o pai mate a mãe dela. “Medo é que meu pai mate minha mãe”.
Com a repercussão do caso outras informações acerca da história foram trazidas à tona pelo Conselho do Tutelar do município. “Dada a situação, mãe e filho vivem em constante fuga há pelo menos oito anos”, explica a conselheira Tutelar, Silvana Luna.
As vítimas por diversas vezes trocaram de endereço na cidade, mas sempre são encontradas pelo suspeito, quando ocorre, segundo a mãe, o homem vai até o local e passa a fazer ameaças. “Quase sempre os atendimentos a esta família não acontecem justamente porque elas vivem trocando de endereço como forma escapar das ameaças do ex-companheiro”, relata a conselheira.
A denúncia relatada na carta foi levada ao conhecimento do Conselho Tutelar que já pediu providências para a Polícia Miliar do município. Com base na informação, a instituição apurou que a mãe mesmo diante de uma tragédia nunca prestou queixa do ex-companheiro. A mulher alega que além dela, o homem ameaça a mãe dela. Por conta disso evita registrar as ocorrências policiais.
Rondônia, segundo o Monitor da Violência, dez mulheres morreram vítimas de feminicídio nos anos de 2018 e 2021, entre os meses de abril, maio e junho, um crescimento de 50%.
O estado ocupa o 14º lugar em violência contra a mulher. Em Rondônia de cada mil mulheres, 2% delas tiveram medidas protetivas concedidas pela justiça em 2019. São mais de 8 mil processos de violência contra a mulher em tramitação no estado. “Nós analisamos os 21 casos de feminicídios que foram denunciados em Porto Velho em 2019. Apenas um deles era de mulher que tinha medida protetiva de urgência, ou seja, a informação precisa chegar a mais mulheres. Elas precisam ter um acesso facilitado de busca, de serviços, de proteção e denúncias. É isso que vai interromper a repetição desse círculo violento”, esclarece a promotora de Justiça Tânia Garcia Santiago que esteve nos últimos anos à frente da pasta da Violência Contra a Mulher pelo Ministério Público de Rondônia.
Mesmo diante da pandemia, os trabalhos das Delegacias da Mulher continuam, em Porto Velho, o atendimento ocorrem de segunda a sexta-feira, das 7h30m às 19h30m. As denúncias também podem ser feitas pelos canais de comunicação:
190, 197, 180
Fixos: (69) 3216 – 8855, (69) 3216- 8800
Celular (69) 98479-8760
Delegacia (Deam) – Euclides da Cunha, 299-363 – Baixa da União, Porto Velho
Delegacia Virtual (http://delegaciavirtual.pc.ro.gov.br/)