Uma manifestação realizada hoje (29) na frente da Delegacia de Polícia Civil do Acre, em Epitaciolândia (AC), exigiu a prisão imediata do Sargento da Polícia Militar do Acre (PMAC), Erisson Nery, acusado alvejar com quatro tiros o jovem Flávio Endres de Jesus Ferreira, de 30 anos, durante uma confusão ocorrida no último sábado (27) em um bar localizado na fronteira do Brasil com a Bolívia.
Atualmente, cursa o quarto ano de medicina. Ele estava numa festa quando foi atingido por tiros supostamente disparados pelo Sargento Nery, militar conhecido nacionalmente por ter um casamento com duas mulheres (Trisal do Acre).
Segundo testemunhas, Flávio teria esbarrado acidentalmente em uma das mulheres de Nery e uma discussão ocorreu logo em seguida. Outra testemunha disse que a motivação para a agressão e tentativa de homicídio, foi “por ciúmes” e “excesso de bebidas alcoólicas”. Porém, a defesa do acusado nega as duas versões e diz que Flávio teria agredido a mulher do militar e praticado importunação sexual.
Endres foi atingido com tiros no peito, abaixo e acima do umbigo. Mesmo no chão, recebeu socos e pontapés, segundo mostram imagens que circulam em rede social. Ele foi transferido do Hospital de Brasileia, cidade vizinha a Epitaciolândia, para o Pronto Socorro de Rio Branco.
Na capital, Flávio passou por cirurgias para a retirada dos projéteis. O quadro dele é estável. A família desembarcou em Rio Branco neste domingo (28). Ele é casado, a mulher está ajudando nos cuidados do Hospital A mãe do rapaz, Dona Lúcia de Jesus, disse que o filho está se recuperando bem, defendeu o rapaz de qualquer acusação e pediu justiça.
“Ele conseguiu falar comigo e disse que não havia feito nada! (…) Eu confio no meu filho, eu sei que ele está mentindo (…) Eu exijo justiça! (…) Eu estou muito abalada!”, disse ela em entrevista.
Enquanto Flávio se recupera no hospital, familiares e amigos realizaram um protesto na Delegacia Geral de Polícia Civil. O movimento foi marcado pelas redes sociais e ocorreu no mesmo instante em que o militar, considerado até então ‘foragido’, chegou para se apresentar à delegada, Carla Ívane. Nery entrou acompanhado de um advogado e não falou com a imprensa.
Na madrugada deste domingo (28), os próprios colegas de farda de Erisson Nery fizeram buscas, mas não o encontraram. A Comandante do 5° Batalhão da PM-AC, disse que Erisson estava afastado do trabalho, por um mês, por motivos de saúde. As armas institucionais foram recolhidas, e os disparos não foram ocasionados por armamento militar.
“A instituição reafirma que não compactua com ações que firam as normas legais ou que contrariam os valores castrenses seguidos pela corporação ao longo de sua história. Atitudes tomadas por quaisquer membros da corporação no âmbito de suas vidas privadas não refletem no posicionamento institucional e devem ser apuradas à luz do que determina a legislação”, destaca.