Uma pesquisa inédita realizada InfoAmazônia com informações cedidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) constatou o que já se previa. Entre os meses de julho e setembro, estação mais critica das queimadas na Amazônia o fogo atingiu em torno de 25% de uma área em que já foi constada a presença de indígenas isolados. Em Rondônia a TI Uru-Eu-Wau-Wau foi uma das mais consumidas pelo fogo.
Durante uma entrevista feita no ano passado, a coordenadora da ONG Kanindé Ivaneide Bandeira chegou a apontar para alguns fatores que estariam sendo comprovados na extensão da Uru-Eu-Wau-Wau entre eles; “invasão por madeireiros, criadores de gado, garimpeiros e grileiros”. Na época, ela ainda chegou a alertar da gravidade dos problemas que estariam ocorrendo na TI.
O levantamento apontou para a existência de pelo menos um foco de queimada em praticamente todas as TI pesquisadas pelos satélites do Inpe, o que resultou nesse período em pouco mais de 13 mil focos.
Pará, Mato Grosso e Rondônia são os estados em que a pesquisa mais constatou prejuízos as terras indígenas, as federações lideram o desmatamento florestal. O indigenista Fabrício Amorim, do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e Recente Contato (OPI), explicou que “o desmatamento em terras indígenas é quase sempre seguido pelo fogo. Isso é mais grave onde há povos isolados. Indígenas queimam tradicionalmente para preparar a terra para roçados ou atraindo caça, mas eles sabem controlar, não deixam o fogo se alastrar”, disse o pesquisador.