Na abertura da Cúpula do Clima (COP-26), nesta segunda-feira (01) em Glasgow, evento que discute estratégias para frear o aquecimento global, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) resolveu não marcar presença na cerimônia que reuniu mais de cem chefes de Estado. O tom dos discursos, em especial dos brasileiros convidados, em relação a devastação da Amazônia brasileira pode ter sido a causa principal da fuga do chefe de estado do Brasil.
De Rondônia, a ativista indígena Txai Surui filha do líder indígena Almir Suruí, de Cacoal (RO),não poupou críticas à atuação do governo, além de complementar as falas duríssimas proferidas na cerimônia pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) António Guterres. “Este é o momento de dizer basta. Basta de brutalizar a biodiversidade, basta de matar a nós mesmos com carbono, basta de tratar a natureza como uma privada e de cavar nossa própria tumba", destacou Guterres. O secretário-geral da ONU também lembrou que as promessas climáticas dos países têm sido insuficientes para conter o aquecimento global.
Ao governo de Jair Bolsonaro, Txai chamou de “mentiras vazias” e promessas mentirosas” os discursos do governo brasileiro quanto a atuação para frear os crimes ambientais na floresta Amazônica. "Os povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática", disse Txai Suruí, ao recordar a morte de Ari Uru-eu-wau-wau em abril do ano passado (2020).
Ari Uru-eu, tinha atuação determinante em um grupo de vigilância dos povos indígenas no Estado de Rondônia. "Enquanto você fecha os olhos para a realidade, o defensor Ari Uru-eu-wau-wau, meu amigo desde criança, foi assassinado por proteger a floresta", disse a jovem.
"Hoje o clima está esquentando, os animais estão desaparecendo, os rios estão morrendo, nossas plantações não florescem como antes. A Terra está falando. Ela nos diz que não temos mais tempo." Também pediu ações urgentes: "Não é 2030 ou 2050. É agora."
De acordo com a reportagem do site Terra, avesso à agenda verde, Bolsonaro rechaçou os apelos de líderes mundiais para participar do evento que tenta destravar o financiamento da preservação de florestas e ampliar os compromissos assumidos pelos países com a redução da emissão de gases de efeito estufa – ação necessária, segundo cientistas, para salvar os esforços previstos no Acordo de Paris de conter o aumento da temperatura global em 1,5 ºC.