Porto Velho, RONDÔNIA – Não é de hoje que a parte maior das Áreas de Proteção Ambiental (APAs) nos residenciais do Programa Habitacional ‘Minha Casa Minha Vida’, vem sendo incendiadas por estranhos e/ou moradores cujos infratores as autoridades tem enfrentado dificuldades para prendê-los.
Nas últimas três semanas, ao menos cinco focos de queimadas foram registrados por moradores do Crystal da Calama, na Zona Leste desta Capital. Nas chamadas de emergência ao Corpo de Bombeiros e às autoridades do Meio Ambiente, em quatro delas, as áreas mais afetadas, segundo apurou o Jornalismo Investigativo deste site, ‘são nas APAS e não em matas vizinhas’.
O Residencial Crystal da Calama, além das áreas de proteção, possui matas consideradas ciliares advindas de córregos e igarapés com origem na antiga Lagoa Azul e áreas de abrangência no Setor Chacareiro Jardim Santana, Estrada dos Periquitos e mananciais que cortam os bairros Mariana, Marco Freire e Parque Amazônia. Passando ainda no Orgulho do Madeira.
Por conta e risco de incêndios misteriosos, principalmente moradores do Crystal da Calama vem sendo castigados e obrigados a fechar portas das casas e/ou mesmos ameaçados de evacuação devido ao avanço e aumento do número de focos das queimadas.
Com isso, diz Wenceslau Dias, 56, morador da segunda etapa desse Residencial, ‘em meio às fuligens, após momentos de intenso fogo alto em direção à vegetação nativa, jardins e construções em madeira anexas aos imóveis, só resta apelar às autoridades para conter o fogo’.
Dentro e no entorno do Crystal da Calama, um conglomerado de até 2,3 mil imóveis destinados às famílias de baixa renda, nenhuma Área de Proteção Ambiental (APA) escapou do fogo. Com frequência, as APA’s mais afetadas por ondas sucessivas de incêndios misteriosos são as que se limitam com a Avenida Calama e das ruas Rutilo, Espinélio e Drusa.
Segundo eles, ‘há vezes que adolescentes são vistos ateando fogo após partidas de futebol em quadras locais’. Outras vezes, há suspeitas de que parte dos moradores, que tentam ampliar seus domínios, ‘podem ser os supostos incendiários’.
Na maioria dos incêndios, apontam moradores da Primeira Etapa do Residencial Crystal da Calama, ‘é possível se vê cobras, calangos e camaleões mortos pelo fogaréu’. Mesmo com o fogo alto e intenso, apenas as aves escapam dos incêndios, como Periquitos, Andorinhas, Bem-Te-Vis, Pipira, Pardal e até garças solitárias que antes habitavam o bioma das APAs e que agora, ‘passam longe daqui’, aponta Wenceslau, bastante indignado.
Enquanto isso, as queimadas vêm forçando, após os incêndios considerados misteriosos, até agora, sem que ninguém tenha sido preso por esse tipo de crime ambiental, ‘alguns moradores, supostamente, a ampliar domínios de seus terrenos’.
Segundo apurou o NEWSRONDÔNIA, há uma visível usurpação de terrenos, dentre áreas atingidas pelo fogo, em que pessoas passaram a fazer roças, plantio de frutíferas e até cercado, como se fossem seus’.
O OUTRO LADO – Em consulta a órgãos ambientais, o Jornalismo Investigativo deste site foi informado por agentes da União enquanto tentavam debelar nova onda de queimadas no entorno do Centro de Monitoramento e de Inteligência do Governo Federal, ’a maioria dos focos teria origem criminosa’.
Porém, no caso das APAs e Unidades de Conservação fora do bioma federal, é de competência dos Estados e Municípios’.
Durante a interlocução com parte dos agentes que visualizavam à distância as cortinas de fumaça do pátio externo da Área Militar, a poucos metros do Aeroporto Internacional ‘Governador Jorge Teixeira’, na sexta-feira (6.8), a reportagem obteve ainda a informação dando conata que, ‘nem mesmo o Sipam, Sivam e/ou Censipam, no caso dos focos em suas divisas físicas, teriam condições de revelarem a origem do fogo’.
Por aproximação, em situações muito raras de âmbito municipal e estadual, revelou ainda a mesma fonte, ‘é difícil entender porque as florestas municipais estariam sendo queimadas tão intensamente com o fogaréu sendo originado e/ou não, de derrubadas e destocas (?) em áreas de sítios, chácaras, fazendas, campos para soja e em áreas de extração ilegal de madeira’. Além das margens das BRs 319, 364, 429 e/ou Estrada da Penal.
A frequência e a gravidade das queimadas atreladas, supostamente, às condições climáticas, por conta e risco do aumento do desmatamento desenfreado de 2019 para cá, só seria contido se, ‘a União compartilhasse, plenamente, seus dados de satélite com imagens e relatórios confidenciais, inclusive, com Estados e Municípios’, é o que afirmou um engenheiro ambiental com larga experiência na Amazônia Ocidental Brasileira.
Segundo o entendimento do consultor ouvido pelo Jornalismo Investigativo deste site, ‘dados sobre queimadas são lançados na mídia sem, um sistema nacional de informação conjunto sobre incêndios florestais, desmatamentos em Florestas Nacionais, Unidades de Conservação (Estadual e Federal) e/ou em pequenas propriedades e em assentamentos do INCRA’, arrematou a mesma fonte.