A escritora e educadora, Camila Puruborá, encontrou na venda do seu livro uma oportunidade grandiosa de ajudar a sua comunidade que tenta sobreviver em meio a tantas dificuldades ocasionadas pela falta de políticas públicas às margens da BR-429. A venda da obra terá destinação exclusiva para projeto da construção de uma casa de farinha comunitária, fonte de renda para 15 famílias que habitam a região da aldeia Puruborá.
A aldeia fica localizada na região do município de Seringueiras, distante cerca de 560 km de Porto Velho, capital de Rondônia. Os moradores vivem basicamente da produção de farinha de mandioca, plantação de legumes e hortaliças e produtos da própria floresta. Sentindo na pele a insensibilidade do poder público que contextualiza com os efeitos da Pandemia, o povo Puruborá enxergou na venda de um livro uma oportunidade de prosperar.
“A gente não tem recursos para manter-se na comunidade. A venda dos meus livros vem sendo revertida para ajudar na continuação das obras de construção da Casa de Farinha e também em outras ações da associação, como a horta comunitária e nas questões administrativas da associação. Conta-se nos dedos quantos Puruborás tem emprego fixo, por isso, sem ter alternativas, a gente tenta produzir e vender farinha feita artesanalmente”, explicou Camila em entrevista ao News Rondônia.
Camila é a única indígena da aldeia que se formou em um curso superior. Ela é licenciada em Educação Básica Intercultural pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR).
O livro é resultado de pesquisas do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e tem relatos bibliográficos, do processo de resistência da comunidade ao longo dos anos com foco no protagonismo da demarcação do território e identidade indígena.
“Essa publicação é fruto do meu trabalho de pesquisa de graduação. Com o edital da Sejucel, eu consegui transformar em livro. Para nós é um ganho muito grande, pois podemos divulgar a nossa luta, do povo que foi considerado até extinto pela FUNAI (…) O livro é também uma oportunidade de divulgar para o país o símbolo da nossa resistência mediante a invisibilidade que a FUNAI deu para o nosso povo, a falta de demarcação de terra que ainda persiste por aqui. É representação pura!”, explica Puruborá.
Os interessados podem entrar em contato com a autora, através do telefone (69) 98482-6493 e pelas redes sociais nos seguintes perfis:
“Quem adquirir o livro vai poder conhecer a nossa história, ouvirá bons relatos de pessoas que vivem aqui e ainda contribui para processo social mediante a conclusão da casa de farinha que vai beneficiar muitas pessoas”, concluiu a autora.