Na aversão aviltante do homem com a natureza há uma hostil abnegação ao ato de ser. A natureza asfixiada não consegue mais enxergar a axiologia humana. A inclinação da beneficência foi de forma horripilante substituída por um verdadeiro caos de belicosidade.
Na execução pública da natureza em agonia os povos da floresta são asfixiados num infortúnio de desgraça e infelicidade. Cerceada em seus direitos, a carta magna é desonrada, a omissão estatal internacional é clarividente e nesta discordância extrema, as populações originárias e tradicionais da Pan – Amazônia são encurraladas sem comiseração e condenadas a uma derrocada humana desmoralizante.
Nesta degradante defraudação da alma das coletividades amazônicas, os valores humanos são extirpados, e nesse sentimento de tristeza e frustração, o descalabro mundial estatal rende-se de forma desmoralizante a arrogância do capital dominante.
Neste desmedido desmazelo, as minorias étnico-raciais marginalizadas tombam desnorteadas rumo à devassidão da vida. O desregramento moral do poder público engorda a conta dos tiranos do poder.
Desterritorializados e na divagação do ecocídio, farrapos humanos são condenados a uma verdadeira hecatombe, os que resistem são atrelados à tutela de um embuste oficial, enquanto a empáfia e insolência da sociedade envolvente reacionária, adentra triunfante devastando a encantatória natureza em agonia.
Enclausurados no escárnio e engodo de políticas públicas esdrúxulas, os povos originais e tradicionais da Pan – Amazônia, resistem como podem, e no espúrio de uma situação vigente estereotipada, ainda sonham exauridas, em um dia, poderem, enfim, comemorar este fatídico dia.
Marquelino Santana é doutor em geografia, pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas, Modos de Vida e Culturas Amazônicas – Gepcultura/Unir e pesquisador do grupo de pesquisa Percival Farquhar o maior empresário do Brasil: Territórios, Redes e Conflitos na Implantação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM-RO) e na Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande (EFSPRG-PR/SC), da Universidade Estadual de Londrina e do grupo de pesquisa Geografia Política, Território, Poder e Conflito, também da Universidade Estadual de Londrina.