O dia a dia de distribuir currículos é velho conhecido de quem procura emprego. Para Aílton da Silva, de 38 anos, essa rotina é catalogada. Desempregado há três meses, ele roda a cidade de São Paulo em busca de uma vaga, e anota em um caderno as empresas que já visitou.
“Aqui tem mais de 180 empresas só na área de portaria e segurança. Exige muito investimento para procurar trabalho. Se não tiver, você não consegue. Às vezes te ligam e você não tem condições de ir lá. E o empregador não quer saber como você conseguiu chegar lá”, conta Aílton, que trabalhava como porteiro.
“Sempre trabalhei com público, portaria, segurança… Já trabalhei com a classe alta, em triplex que custava R$ 10 mil o condomínio", relembra.
Em uma das investidas para conseguir um emprego, Aílton recebeu um telefonema com uma tentativa de golpe. “Eles pegam nosso currículo e veem a última empresa que a gente trabalhou. Tentam convencer a gente a processar a empresa para arrancar da gente alguma coisa. Deve ter gente que já passou por esse golpe e desanimou de conseguir achar um emprego”.
Mesmo na busca incessante por um emprego formal, Aílton não pode esperar em casa. Ele começou a trabalhar como camelô na rua: "Hoje foi mais ou menos, amanhã vai ser um pouco melhor. E assim vai indo".