A convite como 3° Batalhão da Policia Militar de Vilhena, a reportagem do FOLHA DO SUL ON LINE, juntamente com representante de outro site correspondente e de duas emissoras de TV locais, acompanhou um patrulhamento na Fazenda Nossa Senhora Aparecida, em Chupinguaia, que nos últimos meses tem sido um ponto de tensão constante para os moradores do município e arredores, devido uma invasão de integrantes da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), que já dura quase um ano.
A fazenda que hoje se encontra praticamente abandonada devido os camponeses, que são extremamente hostis, terem colocado pânico nos funcionários com a queima de residências e depredação de estruturas da propriedade, avaliada em grandes quantias. A área agora serve de ponto de apoio para equipes da Polícia Militar, que guardam a sede dia e noite a fim de evitar novos ataques.
Durante o patrulhamento, que é realizado diariamente para evitar que os invasores ganhem mais áreas da propriedade, além da reserva legal que já ocupam, a imprensa pode ver de perto alguns dos danos causados pelos camponeses, que a qualquer sinal de aproximação, mesmo pacífica, se “alvoroçam” e proferem ameaças e xingamentos contra as guarnições.
Além da hostilidade e audácia dos invasores, que chegam a afrontar os policiais convidando-os para “saírem no braço”, a reportagem presenciou cenas tristes de animais, que após serem esfaqueados e baleados pelos posseiros, são soltos no pasto para morrerem em sofrimento.
De acordo com informações levantadas no local, nos últimos meses centenas de cabeças de gado tiveram que ser tiradas às pressas das áreas da fazenda, sendo mais de 500 em dois dias da última semana, devido os crimes de furtos e maus tratos cometidos pelos invasores, que já abateram 76 animais só nos últimos meses.
Na noite que antecedeu a visita da imprensa ao local, os camponeses chegaram a poucos metros da sede da fazenda, colocando as guarnições em alerta total e provocando medo nos poucos civis que permanecem ali em apoio aos policiais.
“Minha esposa e eu passamos a noite no sofá, já prontos pra sair às pressas caso eles tentassem invadir a sede. Ninguém mais tem paz neste lugar”, afirmou o cozinheiro da propriedade.
Em poucos minutos que a imprensa esteve no curral da propriedade, que possuía uma grande estrutura usada para inseminação e que foi totalmente destruído pelos invasores, foi possível ouvir a queima de fogos provocada pelos olheiros para alertarem os demais integrantes sobre a aproximação das guarnições e em frações de segundos, vários grupos de pessoas saíram da mata e marcharam em direção ao local de forma intimidadora.
“Bando de puxa saco, baba ovo, vão trabalhar seus vagabundos”, gritavam os posseiros, que se aproximaram arremessando pedras com estilingues e faziam uso de escudos, bolsas a tira colo e caixas de fogos de artifício.
Segundo os militares, nas referidas bolsas, também conhecidas como “capangas”, os invasores carregam coquetéis molotov e bombas de fabricação artesanal, nas quais fixam pregos e atiram com estilingues, para que, na explosão, os objetos pontiagudos se espalhem e atinjam quem possa estar próximo.
Diante da agressividade dos posseiros, as guarnições que faziam a segurança da imprensa tinham que recuar, pois várias viaturas já foram danificadas pelas pedras arremessadas por eles.
Além de várias cabanas espalhadas por pontos estratégicos da fazenda, principalmente no denominado “Morro do Macaco”, de onde os olheiros possuem uma visão privilegiada de 360 graus, os camponeses espalham armadilhas no pasto e pelas estradas, como os “jacarés”, que possuem “garras” afiadas e que, ao serem pisadas cravam, na perna ao ponto de causar lesões graves, e tábuas com pregos, que são jogadas em poças e enterradas na estrada para dificultar a visualização.
O último ato de vandalismo dos posseiros, que já serraram várias pontes da linhas, foi a tentativa de atear fogo na que dá acesso aos retiros incendiados por eles há pouco tempo, que além de impedir o acesso da polícia e da imprensa ao local, impossibilita a escoação de grãos e da produção dos pequenos agricultores.
Além dos prejuízos materiais que tem causado a todos os moradores ao longo da RO-370 e das linhas, o invasores também dificultam o acesso destes à saúde, pois devido destruírem as pontes e colocarem armadilhas pelas estradas, o trânsito dos sitiantes até a cidade com seus veículos, animais ou de ambulâncias, se torna impossível, sem contar o temor ao qual são submetidos, pois carros chegam ser abordados pelos camponeses, que segundo os militares, montam guaritas nos entroncamentos das linhas.
Dentro de poucas horas que a reportagem ficou na área, pode sentir o clima de tensão dos moradores e a agressividade dos invasores, que a todo tempo faziam uso de equipamento de ponta para filmar a presença da imprensa e dos militares e eram agitados sempre por duas mulheres. Cada grupo que se aproximava era guardado por dois olheiros que se mantinham dispersos e com bolsas a tira coloco.
A reportagem do site também registrou a área de plantação que foi incendiada pelos invasores e, no trajeto até Vilhena, é possível ver inúmeras placas de trânsito com pichações da liga com os seguintes dizeres: “Não vote, lute LCP”.
Informações extraoficiais que chegam ao militares que guardam a área dão conta de que há a possibilidade dos camponeses, que são procurados pela justiça pela morte de um tenente e um sargento da Polícia Militar, que ocorreu em outubro do ano passado, a 130 Km de Porto Velho, no assentamento Thiago dos Santos, estejam hoje sendo abrigados no Manoel Ribeiro, em Chupinguaia.
Diante da impossibilidade de diálogo com os camponeses, que cobrem seus rostos para não serem identificados, uma reportagem divulgada pela revista Veja no final do mês passado, afirmou que o Governado Marcos Rocha foi a Brasília e solicitou ao Presidente Jair Bolsonaro, o apoio da Força Nacional de Segurança Pública para atuar no Estado contra a Liga dos Camponeses Pobres, que ele denominou como “terroristas”.
Já de acordo como o comando do 3º Batalhão da Polícia Militar de Vilhena, ainda não data certa para a chegada das tropas, porém, mesmo que a Força Nacional assuma os trabalhos, as guarnições da PM continuarão realizando as operações corriqueiras na área, sendo uma delas, a “Paz no Campo”.
Vale ressaltar que todos os esforços das forças de segurança tem sido para evitar um “95”, como é chamado devido ao ano em que ocorreu, o massacre na antiga fazenda Santa Elina, em Corumbiara.