A Jéssica e a Bárbara têm 18 anos, moram em Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio, e são irmãs gêmeas. Mas essa não é a única semelhança entre elas, as duas ainda dividem um amor. As irmãs são atletas de hipismo e apaixonadas por cavalos.
A realidade dos treinos de Jéssica e Bárbara, no entanto, é muito diferente do que estamos acostumados a assistir na televisão. Roupas distintas, cavalos caros, elegância, nada disso está presente na rotina das meninas.
Jéssica e Bárbara treinam em um terreno baldio emprestado por um amigo da família. As duas têm seus próprios cavalos para treinar, mas, sem professor, uma monta enquanto a outra observa e orienta o que precisa ser melhorado.
“O meu cavalo era de corrida, ele só sabia correr. Pra treinar ele para saltar foi um pouco difícil”, conta Bárbara. “Eles não são cavalos de hipismo, são cavalos que a gente comprou, que cresceram com a gente. A gente também tá passando o esporte pra eles”, completa Jéssica.
Obstáculos financeiros
“A gente trabalhava fazendo de tudo, limpando as baias dos cavalos, catando folhas, antes da prova que teve trabalhamos lá pintando as baias até tarde também”, contam as irmãs.
A falta de dinheiro que as impediu de custear as aulas foi a mesma que fez com que as gêmeas tivessem que sair do local para buscar um emprego com remuneração. Mas a paixão pelo hipismo permaneceu e elas seguiram improvisando formas de continuar treinando.
Os obstáculos necessários para os treinos de salto, por exemplo, foram feitos por elas. As duas pregaram as madeiras que possibilitam que elas sigam saltando até 70 centímetros de altura – marco já conquistado em competições.
Jéssica diz que sabe que hipismo é um esporte “de elite”: “tem que ter postura, elegância, a roupa já diz tudo, o equipamento do cavalo…”. Mas isso não faz as irmãs que sonham em chegar nas Olimpíadas desistirem.
“A gente trabalha pra conseguir dinheiro pra ir pra alguma escola hípica pra gente conseguir realizar esse sonho. Porque aqui a gente não tem um treinador, não tem uma escola, não tem uma base que possa nos ensinar o correto”, conta Jéssica.
Irmãs tem a internet como aliada
Enquanto a estrutura adequada não é uma realidade para as gêmeas, as irmãs encontram na tecnologia a ajuda para melhorar as performances. Eles estudam técnicas e assistem vídeos pela internet.
“Pela internet a gente consegue. As pessoas nos ajudam, dizem o que tem que fazer com os cavalos, o que tem que fazer para gente, a nossa postura", conta Bárbara.
A inspiração das duas é um dos mais famosos cavaleiros do Brasil, Doda Miranda. "Saltar na escola do Doda, aquela escola é meu sonho saltar um dia", confessa Jéssica. "O meu sonho mesmo é entrar pra escola hípica do Exército", acrescenta Bárbara.
Para elas, os sonhos são maiores que o pequeno terreno no bairro Maria Joaquina onde treinam atualmente. “A gente sempre tenta mostrar para as pessoas que não é um esporte muito caro. Depende da sua força de vontade”, conclui Bárbara.