O protesto com máscaras e um distanciamento em razão da pandemia durou poucas horas, mas foi o suficiente para chamar atenção da Justiça Federal e autoridades de Rondônia para que as investigações acerca da morte do índio Ari Uru-Eu-Wal- Wal, de 33 anos sejam priorizadas.
Ari foi encontrado morto no dia 18 de abril de 2020, com sinais pelo corpo de espancamento na linha 625 no município de Tarilândia, Distrito de Jarú (RO) no interior de Rondônia. O local fica localizado próximo da Terra Indígena Uru- Eu-Wau- Wau, maior do estado.
Desde a morte do indígena, familiares e organizações não governamentais (ONGs) pressionam as autoridade em busca de justiça contra o caso. Ari era membro da Equipe de Vigilância Indígena responsável por monitorar a ação de invasores e proteger os limites da indígena.
Tudo aponta para um crime motivado pela grilagem de terra. De acordo com a coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental, (Kanindé), Ivaneide Bandeira, ele chegou a procurar a Policia Federal e informar de que estava sendo ameaçado de morte por sua atuação. “Mas infelizmente o sistema mais uma vez prevaleceu”.
Segundo a coordenadora do Movimento Indígena, Txai Surui, “O caso ficou quase um ano parado na Polícia Civil de Rondônia e até agora a gente não tem resposta de nada. Estamos pedindo que isso passe para a Polícia Federal, que é quem deveria ter feito a investigação desde o começo. A competência para tratar sobre a questão indígena é da União”
Com cantos, gritos de guerra, os manifestantes levavam uma cruz com o nome do indígena. Sobre uma lona uma tinha vermelha simbolizava as vidas perdidas no conflito entro o homem branco e índios.
“Exigimos saber quem matou o Ari e quem mandou matar o Ari. Sabemos que tem muita gente importante por trás disso que incentiva a invasão de terra”, declara Txai Suruí.
Nos dias anteriores à manifestação, o grupo espalhou outdoors em Porto Velho, Ariquemes, Buritis, Jaru, Ji-Paraná, Cacoal, Pimenta Bueno e Vilhena, como parte de uma campanha levada adiante também nas redes sociais.
“Temos pedido isso o tempo todo ao Ministério Público Federal (MPF), à própria Polícia Federal. Temos alertado para as invasões que estão ocorrendo na área o tempo todo, a pressão que os povos vêm sofrendo. O que a gente quer é que se faça justiça”, reforça a líder da Kanindé, Neidinha Suruí.