Não tem como negar que o Estado de Rondônia atravessa o seu pior cenário frente a pandemia da Covid-19. O encerramento dos dias revela um patamar aterrorizante de novos contaminados e de mortes. Março de 2021 demonstrado ser o epicentro da mortandade. Hospitais públicos, tanto da capital quanto do interior estão em colapso. A iminência da falta de oxigênio completa o cenário do pânico.
Um documento protocolado na Justiça Federal, cinco entidades exigem que o governo do estado e empresas fornecedoras de oxigênio comprovem em até 24 horas como farão para abastecer as unidades hospitalares. Caso não o problema não seja resolvido, o pior se aproxima. Oxiporto, OxiAcre e Cacoal Gases, do mesmo grupo, há 15 dias comunicam as autoridades que só podem garantir oxigênio para os hospitais de 33 municípios de Rondônia, sendo quatro hospitais particulares de Porto Velho até esta quinta-feira (25).
Sem leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pessoas que se quer tiveram a oportunidade de virarem pacientes morrem sequelados pela doença em casa. Foi o que ocorreu com um paciente de Rolim de Moura diagnosticado com a Covid-19. Ele ainda chegou a ser atendido no Hospital Regional do município, mas por falta vaga de UTI veio a óbito vítima de uma parada cardíaca.
A cada dia as notícias revelam uma piora do sistema de saúde rondoniense que atingiu até mesmo a rede de hospitais privados. Há 60 dias não surge vaga de UTI e a fila de espera por um leito já supera as 120 pessoas. Só em Rondônia pouco mais de 80 pessoas morreram por falta de leitos de UTI.
“Estamos sendo destruídos. Não adianta negar. O pior é que a destruição acontece nas barbas das autoridades que se negam a tomar uma atitude de verdade”, declara o triste depoimento de quem está na lista de frente da Covid-19 nos hospitais de Porto Velho.
No cenário está a disparada de registros. A quarta-feira (24) encerrou com 1.526 novos contaminados e um total de 56 mortes. O pior é que em meio ao caos as ações incrementadas pelo governo estadual não surtem o efeito esperado e já foram inclusive motivo para uma Ação Civil Publica (ACP), do Ministério Público Estadual. O Órgão cobra uma atitude rígida frente a pandemia.
“O Ministério Público entende que precisamos de mais ações. Esse marketing se surtir efeito, não será de uma ora para outra. E não trará a consciência que nós acreditamos que terá das pessoas”, declara a promotora de Justiça Emília Oiye.
Enquanto as autoridades não enxergarem de maneira respeitosa a situação que paira sobre Rondônia, no tocante ao novo coronavírus, rondonienses continuarão chorando seus mortos. O estado conta até o fechamento desta reportagem com 3.831 óbitos e 18.321 casos ativos da doença.
São milhares de vidas perdidas e muitas delas pela negligencia de quem teima em “enfrentar o vírus de peito aberto”, como bem disse o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). As mortes por Covid-19 no Estado já dizimaram em números o equivalente às populações dos municípios de Primavera de Rondônia, Castanheiras e Pimenteiras D’Oeste e Rio Crespo.