O mundo foi pego de surpresa com a decisão do ministro PTista Edson Fachin, que anulou todos as condenações de Lula que tramitaram na vara de Curitiba.
Edson Fachin esperou seis anos para pagar o favor que devia ao PT por conta de sua indicação ao STF em 2015, e agora essa conta está paga. Fachin de fato é um daqueles adoradores dos ideais petistas, um verdadeiro petista de carteirinha amigo pessoal e de convicções. Em 2010 já houvera sido cogitado na “era Lula” para ocupar uma das cadeiras, mas fez um tão entusiasmado pronunciamento em exaltação ao MST, que Lula declinou de sua indicação, estereotipando-o de “basista” demais.
O Brasil já vivia uma divisão “ridícula partidária” e com a decisão de Fachin essa divisão fica mais acentuada a partir de agora, Bolsonaro e Lula tornaram-se cabos eleitorais um do outro. Interessa a ambos repetir em 2022 a polarização de 2018. Com duas diferenças. A primeira é que se abre agora a perspectiva de que Bolsonaro enfrente o próprio Lula, não um poste indicado por ele. A segunda diferença é que Bolsonaro, beneficiário do antipetismo, maior força eleitoral da sucessão passada, passou a fornecer material para o surgimento de uma segunda onda: o anti-bolsonarismo!
Para bolsonaristas, Lula é ladrão e ponto final. Já para os PTistas, Bolsonaro é um lunático, genocida e fascista, e assim vai ser até o próximo encontro em 2022, seja de Bolsonaro, caso chegue ao final de seu mandato, com Lula, caso a decisão de Fachin seja mantida, ou a qualquer outro embuste indicado por ambos os contendores de hoje.
No momento, os dois operam para evitar o surgimento de um Coringa capaz de representar o centro político na disputa de 2022.
A tramitação dos processos manterá suas culpas nas manchetes. Na outra ponta, aquele Bolsonaro eleito por mais de 57 milhões de brasileiros lida com o seu encolhimento. Perdeu em dois anos de mandato parte do eleitorado que votou nele para evitar a volta do PT ao poder.
No momento, o presidente espanta a plateia fabricando crises desnecessárias em meio a uma pandemia mortal.
Então, vamos aguardar os próximos capítulos e os próximos passos que veem sentido STF/Palácio do Planalto, afinal de contas, a corte máxima do país, é na verdade, um grande clube de amigos, que torcem “as vezes por um, e em outras vezes por outro”, depende muito de quem é o “artilheiro da vez”.