Elas estão nas cidades onde desempenham funções nas mais variadas instituições públicas. No lar, administram suas famílias e quase nunca são remuneradas pelo oficio. No campo, respondem pelas obrigações da lida, ao mesmo tempo em que necessitam conciliar os afazes domésticos. São essas mulheres que de maneira singular retratam o verdadeiro espírito da Mulher de Rondônia, as desbravadoras.
Entre seus tantos desempenhos diários, degolar um leão por dia é o de menos para elas. Além disso, são exemplos de que sozinhas podem quebrar os paradigmas do sexo feminino, desde a colonização do Estado por volta do século XX.
Aos 20 anos, a rondoniense Dalva Barbosa deixou sua casa em um pequeno vilarejo onde vivia com os pais e mais 18 irmãos, localizado no chamado “Seringal 60”, no município de Jaru. Juntou-se com o servidor público João Afonso e teve 4 filhos. Após anos de batalha e os filhos estabelecidos descobriu no atual cenário de pandemia que poderia fazer mais.
A máquina de costura elétrica já existia em casa, mas durante a pandemia o equipamento tomou um espaço maior. Foi quando a dona de casa descobriu que as costuras que, normalmente eram feitas para suprir a necessidade familiar, poderiam contribuir para faturar um dinheiro extra. Surgia ali a micro-empreendedora.
“Alem de ser uma costureira autodidata, eu tenho curso de especialização em costura pelo Sesi Porto Velho. Tenho que afirmar, minha experiência prática melhorou bastante”, destaca.
Sobre a importância do Dia da Mulher Dalva respondeu. “O dia em si já lembra a mulher. A mulher veio ao mundo não para disputar espaço com os homens, mas para caminhar junto. Entre uma mulher e um homem deve existir a palavra respeito e cumplicidade. Se você tem e usa com toda certeza irá muito longe”, enfatiza.
Distante 66 quilômetros da capital Porto Velho, a agricultura, Alda Monteiro concilia o tempo de dona de casa com a lida no campo. As unhas sujas de terra retratam o peso do trabalho na lavoura. Os afazeres na fazenda, segundo ela começam cedo e não tem hora para terminar.
Temos aqui algumas culturas. Quando não estamos produzindo farinha de mandioca, cuidando da plantação de açaí. Quem mora na zona rural sabe que o serviço não falta. Essa é minha rotinha há décadas. Mas nem por isso deixo de ser feliz.
Questionada sobre o que o Dia da Mulher representava, a agricultora disse o seguinte. “Uma data não muda em nada a importância que a mulher tem para a humanidade. Mulher existe a qualquer momento”, disse.
A anfitriã recebe seus convidados sempre com uma gargalhada. Estamos falando da servidora pública aposentada, Suzete de Oliveira. Após anos de trabalho no serviço público, ela não pensou duas vezes ao trocar a cidade grande pela tranquilidade da natureza.
Hoje vive numa propriedade onde cultiva maracujá, graviola, goiaba, mandioca. As culturas são auxiliadas com a criação de gado e peixes. De acordo com ela, independente de está morando hoje em meio à natureza, seu foco sempre esteve e ver o lado bom da vida. “Cumpro funções que normalmente são desempenhadas por um homem. Porém, nós mulheres podemos fazer o que os homens fazem e com maestria. A mulher tem um cuidado, tem um zelo pela coisa em si pela coisa em que toca”, declara.
Questionada quanto ao simbolismo do Dia Internacional da Mulher, Suzete respondeu. “Mulher amanhece escolhendo entre a sua sobrevivência e a dos seus filhos. Hoje ainda temos um pequeno agravante, a escolha pelos netos que acabam sendo nossos filhos. Mas faz parte da família e quanto mais amor, mas feliz somos”, reflete.
Mulheres que assim como tantas outras não deixam de serem extraordinárias. Quantas donas de casa não se parecem com a Dalva Barbosa, não fazem o mesmo que agricultora Alda Monteiro e a ex-servidora pública que se tornou agricultora Suzete Oliveira? Muitas. São mulheres que mesmo vivendo distante uma da outra, não perdem a essência da vida, e da luta diária. Porém, independente do atual momento, elas tem algo em comum, sonham com dias melhores.