CANDEIAS DO JAMARI, RO – Apesar da paralisação de todos os serviços rurais e de extração de madeira a muito tolerado ao longo da existência da Floresta Nacional de Jacundá, na região da Vila Nova Samuel, foi invadida nos últimos três dias de carnaval.
Os invasores voltaram a ser liderados por 'velhos conhecidos da Polícia Federal' e a maioria não teria nenhuma ligação com movimentos agrários que integram as negociações de conflitos em nenhuma das áreas em litígios do Vale do Jamari, revelou um importante interlocutor jurídico do quase extinto Movimento Camponês Corumbiara (MCC) sob anonimato da entidade.
Repetindo quase o mesmo 'modus operandi' das últimas ocupações ilegais, os invasores se ocultaram na propriedade de um madeireiro da Linha 45 e do Travessão 21, na divisa da Vila Nova Samuel com Itapuã do Oeste, numa área de planos de manejos.
De acordo com um migrante que desistiu de 'segurar' um lote comprado por R$ 6 mil das mãos de um dos lideres do movimento – e não ter o dinheiro devolvido -, a suposta vítima teria denunciado o plano às autoridades, na terça-feira (16).
À reportagem, nesta quarta-feira (17), assentados do INCRA do antigo Projeto de Assentamento Florestal Jequitibá, onde o Governo Federal investiu mais de R$ 3 milhões e o extinguiu, inexplicavelmente, 'estão dentro da RESEX pelo menos 200 invasores'.
O 'estouro' da nova ocupação da Floresta Nacional de Jequitibá, desta feita, contaria com a união de falsos sem terra, toreiros, madeireiros, fazendeiros e agropecuárias locais. Inclusive, grande parte já presa em operações sucessivas da Polícia Federal.
Do Travessão 21, da propriedade de um fazendeiro alcunhado de 'Mineiro', os invasores se estabeleceram dentro da RESEX Jacundá a partir do Rio Verde, onde fincaram porteira para demarcar território sob rígido controle das pessoas que insistam adentram a área sem identificação.
Segundo cálculos atribuídos à parte da cúpula de dirigentes do Sindicato dos Produtores Rurais (SPR), vinculados ao ex-Assentamento PAMUS I, entre os 'cabeças dessa nova invasão, estão um empresário de autopeças, supermercado e serrarias locais.
Estão em jogo, conforme nativos da Linha 7,5 cerca de 15 milhões de árvores da antiga floresta do que resta em pé ainda cobiçadas do Projeto Calama-Jacundá, da Linha 45 e seus biomas ainda ameaçados por antigos planos de manejos, atualmente, questionados por órgãos de controle.
Apesar de várias operações conjuntas da Polícia Federal, IBAMA e ICM-BIO, a região do PAF Jequitibá e das Linhas 45, 45 e Travessão 21, 'os ilegais que são presos e soltos logo a seguir, seriam os mesmos que lideram a nova invasão', relata uma fonte da antiga Associação dos Produtores do Projeto Calama-Jacundá (ASPRUCAJÁ).
Essa Associação de assentados do INCRA, de acordo com outro ex-dirigente, chegou a ter 600 associados, só da Linha 45 às demais. Atualmente, do pouco que restou, apontou funcionário do único posto de combustível da região, 'a maioria foi expulsa ou morta por resistir à entrega da terra a toreiros, madeireiros e fazendeiros'.
Conforme relatos de lideranças agrárias, ambientais, quilombolas e de remanescentes dos soldados da borracha, 'a ocupação legal ocorreu em 1981, quando o próprio INCRA demarcou e entregou às famílias 3.000 (três mil) lotes de terras da União, num total de 667.000 hectares.
De lá pra cá, os assentados, inclusive soldados da borracha ainda vivos passaram a sofrer assédio de políticos, fazendeiros, madeireiros e até de uma ex-atriz da Rede Globo, hoje, ainda tentando desalojar remanescentes entre beneficiários da Reforma Agrária da antiga Gleba Jacundá.
NEM MST, NEM LCP – Nenhum dos invasores seria oriundo das células (?) do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) nem da temida Liga dos Camponeses dos Pobres (LCP), segundo lideranças ouvidas por este site de notícia.
Porém, parte dos 'cabeças' que lideram o movimento, de acordo com informações locais, foram delatados ao Comandante do Batalhão de Polícia Ambiental (BPM), Major PM Glauber Souto, ao menos duas semanas quando os invasores ainda se encontravam numa área de fazenda da Linha 7,5 cadastrando pessoas sob a promessa de compra de lotes de terras entre R$ 6, R$ 15 e R$ 20 mil – esse último valor daria direito à suposta extração de madeira da Reserva Jacundá.