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O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, de centro-direita, foi reeleito neste domingo com 60,7% dos votos, em uma eleição marcada pela pandemia do coronavírus e pela divisão da esquerda, que levou a extrema direita, praticamente ausente do Parlamento, a ficar em terceiro lugar na disputa.
Com 99,91% dos votos apurados, a socialista Ana Gomes, que concorreu de forma independente, teve 12,97%, seguida por André Ventura, do ultradireitista partido Chega!, com 11,9%.
— A eleição de hoje proporcionou inequívocas respostas acerca do nosso futuro imediato, e a primeira foi quanto à escolha entre a renovação da confiança no presidente e a sua substituição por outros — afirmou Rebelo de Sousa, acrescentando de “coração aberto” que se sentia honrado e agradecido. — A confiança agora renovada é tudo menos um cheque em branco.
Na votação realizada em plena segunda onda da pandemia, com o país sob uma nova quarentena devido aos recordes diários de mortes verificados desde o Natal, a abstenção foi de 60,51%, também recorde. Rebelo de Sousa, cuja popularidade cresceu durante a emergência sanitária, venceu em todas as mais de 3 mil freguesias do país, um feito inédito.
Criado há menos de dois anos, o Chega! conquistou seu primeiro assento no Parlamento nas eleições legislativas do final de 2019, com o próprio André Ventura eleito deputado, e desde o final do ano passado integra a coalizão de governo na região autônoma dos Açores ao lado do PSD (Partido Social-Democrata), de centro-direita, antiga legenda de Rebelo de Sousa.
Seu resultado nas eleições presidenciais, considerado “histórico” por André Ventura, representa a coroação desse processo. Ainda assim, o deputado ofereceu sua demissão da liderança do partido, por não ter alcançado o almejado segundo lugar.
Já o líder do PSD, Rui Rio, destacou a “transversalidade” do voto em Ventura, indicando que sua sigla não descarta outras alianças com o Chega!.
Aviso à esquerda
A ex-eurodeputada Ana Gomes, militante histórica do Partido Socialista (PS), de centro-esquerda, não teve o apoio formal da própria sigla, liderada pelo primeiro-ministro António Costa, que anunciou a sua preferência por Rebelo. Apesar disso, ela se tornou a mulher mais votada da História de Portugal, com mais de 541 mil sufrágios.
Com o PS sem candidato oficial, a esquerda se dividiu na disputa. Marisa Matias, do Bloco de Esquerda — que já governou com o PS na coalizão conhecida como Geringonça, entre 2015 e 2019 —, teve 3,95% dos votos. João Ferreira, do Partido Comunista Português (PCP), teve 4,29%.
— Há um aviso à esquerda e basta olhar para os resultados. Muita gente de direita optou por votar num candidato de extrema direita — disse Matias.
Em Portugal, o presidente da República tem um papel amplamente cerimonial, mas pode vetar certas leis e decretar estados de emergência, um poder que Rebelo de Sousa utilizou frequentemente na pandemia, em consulta com o Parlamento.
Mais cedo, Rebelo de Sousa fez um apelo aos portugueses para que fossem votar, apesar das medidas restrivas contra a Covid-19.
— Aos que podem e querem votar, superem os seus medos — declarou, depois de ter votado em Celorico de Basto, no Minho, Norte de Portugal. — A votação ocorre bem em todo o país, com distanciamento físico, respeito pelas normas sanitárias e paciência por parte dos portugueses. As pessoas podem votar sem problemas.
Além das lojas e restaurantes, na semana passada o governo fechou as escolas por 15 dias, enquanto no sábado um novo recorde de casos e mortes foi registrado, aumentando o total desde o início da pandemia para mais de 10 mil óbitos.
Com mais de 80 mil novos casos registrados na semana passada e apenas 10,2 milhões de habitantes, Portugal ocupa agora o primeiro lugar no mundo em número de infectados em relação à população, superado apenas pelo enclave britânico de Gibraltar, segundo dados da agência AFP.
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