O aviso foi dado esta semana pelo governo do estadual. A capital de Rondônia, Porto Velho já não tem mais leitos de UTI para receber adultos, doentes da Covid-19. Especialistas da área médica enxergam o comunicado como uma divisão de culpa. “O Estado com isso diz para a população que fez tudo que tinha ao alcance, mas perdeu o controle quando a população não seguiu as recomendações das autoridades de saúde. O que em parte não deixa de ser uma realidade”, reflete um médico infectologista que prefere não de identificar.
Para o especialista faltou empenho do governo em colocar as medidas sanitárias, como o atual decreto, que só passou a vigorar no ultimo domingo (17), quando o próprio Estado já sabia com antecedência o cenário caótico que Porto Velho se transformaria.
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“As campanhas eleitorais, as festas de final de ano, e por ultimo agora o Enem. Todas essas atividades com aglomerações não foram respeitadas e hoje o vírus vem cobrando a negligência dos poderes, tanto estadual quanto municipal”, explica o infectologista que afirma que a divisão dessa conta sairá bastante cara. E vai sobrar para todos, independente da instituição governamental. Ele ainda esclarece: “O que se ver aqui em Porto Velho são muitos órgãos responsáveis pelas cobranças agindo dos seus gabinetes, dos home Office da vida,mas com pouca efetividade. Só tentam resolver quando a situação está fora de controle. Foi por conta dessa inércia ocupacional que Manaus chegou onde chegou”.
O renomado epidemiologista Jessem Orellana, formado em enfermagem pela Universidade Federal de Rondônia (Unir), hoje atuante cientista da Fundação Oswaldo Cruz no Amazonas, previu em um dos seus vários alertas que o mês de janeiro seria cruel para os estados da Amazônia. “Não é mais aceitável que se acredite na imunidade de rebanho, ou em tratamentos inexistentes”. “Ele também explica que embora a campanha de vacinação tenha iniciado, seus efeitos só poderão ser sentidos daqui a alguns meses, o que significa, que no curto prazo, precisaremos de medidas em caráter tempestivo e emergencial”, afirma.
Neste sábado (23), o prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), acompanhado do seu vice-prefeito Maurício Carvalho e da adjunta da saúde municipal Marilene Penatti deveram a versão deles do cenário da pandemia no município. Diante do estado preocupante em que se encontra Porto Velho, o chefe do executivo fez um alerta gravíssimo.
A cidade de Manaus se transformou no epicentro da mortandade pela Covid-19, no Brasil. A segunda onda de casos do coronavírus (SarsCoV-2) vem arrasando a capital amazonense desde então. Na quinta-feira (14), pacientes eram filmados morrendo nos hospitais, no chão das unidades de saúde por asfixia, por falta de oxigênio.
As unidades de saúde de Manaus se transformaram em verdadeiras câmaras de asfixia. Ainda segundo o infectologista da Fundação Oswaldo Cruz Jassen Orellana, “as primeiras mortes registradas por Covid-19 já superam os óbitos confirmados entre agosto e dezembro de 2020, quando 1.308 pessoas morreram por Covid-19.
Entre os dias 13 e 19 de janeiro o número de enterros atingiu a média diária de 191 sepultamentos. Ainda em Porto Velho, o chefe do executivo municipal destacou a importância da população para os cuidados que devem tomar no atual momento de crise.