“É comum a minha ligação com os governadores e com os secretários de saúde dos Estados. A partir de dezembro começamos observar o aumento de casos e de óbitos em Manaus. Mas ainda sem entender até onde isso iria e sem entender se precisaria intervir ou não. Quando a situação chegou a níveis realmente altos se verificou que se precisaria trabalhar em conjunto. E o governo do Estado e o município, não teriam condições de dar a resposta, principalmente logística”, declara Pauzullo.
A declaração do ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi feita na tarde desta segunda-feira (18), durante coletiva de imprensa, onde também esteve presente o governador do Amazonas Wilson Lima (PSC/AM) no Palácio do Planalto, em Brasília.
Pauzuello declarou que o governo brasileiro já estava ciente do problema em Manaus ainda em dezembro, mas não tinha noção da sua gravidade. Pazuello citou geograficamente a capital amazonense, referindo-se como “a ultima grande cidade” na Região Norte do Brasil. “Estamos falando de uma cidade no meio da Floresta Amazônica, há 3h de vôo de Brasília, que é a (ultima cidade grande ao Norte) do país. Essa é a situação logística de Manaus. Tudo é barco ou avião. A estrada que vem de Porto Velho (BR-319) é uma estrada com uma trafegabilidade bastante reduzida, principalmente nessa época do ano”, justiça.
Fotos: Tony Winston/MS
Ainda segundo Pazuello, no dia 4 de janeiro, ele enviou uma equipe liderada pela secretária dele “Maira” para estudar a realidade de Manaus e fazer um diagnostico detalhado da situação. A missão teria retornado a Brasília com os dados, no dia 06 de janeiro. No dia 8 de janeiro á empresa White Martins enviou uma carta avisando o governo de que poderia acontecer uma falta de oxigênio caso não houvesse “ações” para mitigar o problema.
Pazuello disse que a situação foi uma surpresa para o governo do Amazonas e também para o governo federal. “Até então o assunto “oxigênio” estava equilibrado pela própria empresa. Mas a velocidade das internações foi muito grande, e com isso a internações triplicaram, quadruplicaram, quintuplicaram. A empresa não conseguiu ter “perna” para manter o abastecimento. Esse fato nos foi comunicado a possibilidade dele no dia 8. No dia 9 eu embarquei com todos os meus secretários e equipe técnica para Manaus. No dia 10 de janeiro o governador determinou por indicação minha a abertura do (CICC) Centro Integrado de Coordenação e Controle onde se reuniu o ministro, o governador, o prefeito e o comando conjunto das Forças Armadas instalada em Manaus. Além de todas as agencias estaduais e municipais e organizações civis. A partir daquele momento nos passamos a coordenar todo os trabalhos com o governador e a prefeitura”, explicou o ministro.
Ainda na quinta-feira (14) quando Manaus viu o seu pior dia com pacientes morrendo por falta de oxigênio, o governador do Amazonas Wilson Lima chegou a declarar que o governo federal tinha ciência do problema em Manaus, mas nada fez.
Na coletiva desta segunda o ministro da Saúde buscou tirar a “mea-culpa” do governo federal, mais uma vez acusando a “imprensa” de “propagar” notícias falsas. “O ministro orienta os paciente com a Covid-19 a buscar atendimento precoce – e não precoce”, comenta.
É bom lembrar que o tratamento precoce informado pelo ministro não tem eficácia comprovada pela sociedade cientifica.