Porto Velho, RONDÔNIA – Considerada exótica, a carne do jacaré da Amazônia Brasileira já figura, minimamente, na maioria do cardápio de parte dos Estados e já chegou a países estrangeiros. Porém, a venda e o consumo da espécie se dar mediante controle ambiental sob a égide de legislação especifica.
Proveniente de criadouros e/ou importada, a carne de jacaré disputa o mercado com a de outras espécies de maior tradição no Brasil e no mundo. No país, segundo um ex-diretor de Inspeção Animal do quadro municipal, 'trata-se de um mercado promissor'.
Em Rondônia, a liderança no abate ainda estaria com jacareicultores credenciados do Lago Cuniã, em Porto Velho. Apesar de ainda ser muito consumida por aqui, 'a carne é vendida, ainda de forma tímida, por um supermercado da cidade, em época de despesca acompanhada pelo ICM-BIO', revelou a mesma fonte.
Ao analisar o mercado local, outros técnicos acreditam que, 'uma suposta paralisação no abate que teria ocorrido a partir de 2020, deve contribuir para a superpopulação da espécie, não só no Lago Cuniã'. Mas, em criadouros de estados vizinhos.
Essa hipótese apontada por outro ex-técnico da Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEMAGRIC), da área veterinária, 'a atividade por aqui é ainda incipiente se considerarmos esse tipo de atividade, por exemplo, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul'.
– La, tudo se aproveita durante o abate do jacaré, seja da espécie Tinga (tamanho menor) seja do Açu (Cayman), esclareceu o ex-técnico municipal.
Apesar do ineditismo dessa nova atividade econômica acreditado à Cooperativa de Moradores, Agricultores, Pescadores e Extrativistas da RESEX Cuniã (COOPCUNIÃ) no âmbito municipal, em MT e MS que 'o protagonismo desse negócio é praticado com grande intensidade'. Inclusive, os empreendedores de lá trabalham com elevado padrão de qualidade para atender as necessidades do mercado para atraírem importadores – internos e externos.
O atual quadro do mercado já conquistado para o principal produto dos moradores, agricultores, pescadores e extrativistas que exploram o abate de jacaré no Lago Cuniã, consultores ouvidos nesta sexta-feira (15), se dizem otimistas que em uma hora qualquer 'a Prefeitura, o Estado e a União precisam desenvolvê-la'. Além de forjar ao menos o município de assegurar investimentos para fortalecer essa atividade forma de sobrevivência dos nativos locais.
Essa medida, segundo os consultores, 'precisa de vontade política vez que a RESEX Cuniã, só ela, não se trata do único santuário de jacarés no âmbito do município'. Afirmam, ainda, que, 'os habitantes do lugar podem ampliar a produção, com e/ou sem novos criadouros ao longo do Baixo e Alto Madeira'.
Segundo ainda os analistas, 'se incentivado sustentável e economicamente, todo aquele que se arriscar em modernizar essa atividade, maior e melhor chance terá de sobreviver, inclusive, 'as crises que forjam uma sobrevivência atípica, como a da pandemia do novo coronavirus'.
Por enquanto, os estados do Mato Grosso e Mato Grosso, na Amazônia Legal, viriam liderando a produção e a comercialização da carne de jacaré, diferentemente dos negócios, muitos dos quais feitos com grande sucesso pelos moradores, agricultores, pescadores e extrativistas do Lago Cuniã, 'a situação do mercado local é ainda considerado incipiente', afirmam analistas.
Com o redirecionamento da atividade original de busca e captura do jacaré por todo o Lago Cuniã e região, outros consultores entendem, contudo, que, não basta apenas a vangloria do pioneirismo dos que já sobrevivem dessa atividade, mas, 'é preciso pensar na busca de boas perspectivas mundo a fora, e fazermos grandes negócios, sobretudo, com a pele do jacaré já abatido sendo vendido ao exterior no preço diário do Dólar'.
Enfim, a reportagem obteve dessas fontes a garantia de que, entre os novos vereadores eleitos, o vereador Valtinho Canuto (DEM), segundo disseram, por ter um relevante histórico de trabalho e tradição na lida com populações tradicionais ao longo do Alto e Baixo Madeira, será procurado para tratar do assunto junto ao município, ao Estado e com a União.
Segundo a tese levantada por esses consultores, 'já passou da hora de se acabar com a inércia de parte do poder público, não só em desfavor da ampliação dos negócios com a comercialização da carne de jacaré, mas, com a falta de políticas públicas voltadas, plenamente, para o setor da agricultura e pesca familiar'.
– Se essas atividades forem, verdadeiramente, incentivadas pelos governos, o morador, agricultor, pescador e extrativista do beiradão do Madeira e/ou do Lago Cuniã, serão aquinhoados com boas perspectivas de vida e grandes negócios, arremataram as fontes de o NEWSRONDÔNIA.
No entanto, sucessivos gestores, de acordo com a assistente social Francisca Souza da Silva, 'têm deixado de lado as políticas de uma gestão mais agressiva para forjar a implantação de agroindústrias e outras'. Segundo ela, 'temos matéria-prima em abundância, da carne bovina às essências e ervas medicinais, da madeira, dos minerais e frutíferas tropicais ainda não beneficiados por aqui'.
Ao analisar essas possibilidades, ela diz que, no caso da carne de jacaré, 'temos, sim, superpopulação da espécie'. Também, pondera Francisca da Silva, 'não se pode sair por aí assoreando rios e lagos, tampouco, botando a floresta a baixo'. E diz: 'É possível, também, a pecuária funcionar sem tanto alarido, com regras valendo para todos'.
Afinal, ela apontou a importância estratégica do município de Porto Velho ante sua saída aos mercados do Atlântico e o Pacífico como pólos de atração a investidores nacionais e estrangeiros. Isso, na opinião dela, 'só será possível caso imponha a si mesmo o empoderamento de suas potencialidades'. Primeiramente, instalando de vez o Distrito Industrial e seguindo essa trajetória, 'buscaremos o desenvolvimento nas áreas que dominamos; setores esses já escassos no mundo globalizado – 'que são as matérias-primas e capital humano', ela completou.