Por Geovani Berno,
esde que passamos a (con)viver com a ameaça do novo coronavírus, sua rápida transmissão e possível alta taxa de mortalidade, vivemos com a seguida orientação do isolamento e dos cuidados de higiene e uso de máscaras, na tentativa de evitarmos a disseminação do vírus e o contágio de pessoa para pessoa, pois o mesmo se propaga facilmente pelo ar penetrando nas mucosas da boca, nariz e olhos.
Vindo da China, o vírus se propagou rapidamente e de endemia se transformou em pandemia atingindo todos os continentes sem distinção de classe, cor, sexo e idade. Digamos que é um vírus democrático, pois não escolhe vítima para sua propagação, apesar da aparente letalidade maior em pessoas idosas e portadoras de doenças crônicas.
Desta forma, desde o início da doença, quando se percebeu a sua rápida disseminação, o isolamento social, foi decretado o fechamento de todos os estabelecimentos comerciais, cinemas, teatros, escolas, igrejas, templos religiosos. Famílias foram separadas, avós não podiam (ou tinham de evitar) o contato com netos, abraços foram negados e uma série de restrições impostas.
Em muitos lugares o isolamento funcionou e a propagação do vírus e a conseqüente mortalidade foi reduzida. Em outros lugares isso não ocorreu. Por quê? Por uma simples razão: o descumprimento do isolamento e a farta realização de festividades às escondidas.
O fechamento de todo o comércio causou sérios prejuízos à economia mundial, com desemprego e tantas outras consequências que ainda não chegaram na totalidade e serão sentidas um pouco mais pra frente.
No entanto, se tivéssemos aprendido a lição do respeito ao distanciamento e do uso correto de todas as medidas de proteção, muitos fechamentos poderiam ser evitados. Mas o homem é desrespeitoso para consigo mesmo e com o próximo. Vejamos.
Se ao invés de fechar todo o comércio fosse feito um revezamento de funcionários com todos os controles sanitários que conhecemos hoje, a limitação de pessoas nos estabelecimentos (até porque mercados, farmácias e postos de gasolina não fecharam as portas) e também isolássemos as pessoas de risco elevado, acredito que não estaríamos neste patamar de casos e mortalidades.
Um outro fator preponderante para o crescimento vertiginoso no Brasil foi as Eleições. Poucas pessoas falam e tem coragem de falar, mas a campanha contribuiu, e muito, com o crescimento de casos. Tanto que após o fechamento das urnas, muitas cidades retornaram ao isolamento e fechamento de bares, restaurantes, etc. As comemorações de vitórias nas urnas foi um desrespeito a quem cumpre isolamento e distanciamento social, pois escancarou nas redes sociais festas com dezenas de pessoas sem o menor cuidado.
As festas com altíssima concentração de jovens não pararam. Os bares (refiro-me especialmente a Porto Velho) estão lotados. E de nada adianta limitar em 50% o número de pessoas, pois se foram as festas é para se divertir e o que mais querem é se abraçar, beijar na boca e ser feliz. Não é isso o que dizem? Pois é, mas também levam o vírus para dentro de suas casas e com isso, a multiplicação exponencial do número de casos.
Por estes e mais uma série de fatores, que sou contra um lockdown total, pois não resolverá. Mas sim, sou favorável à restrição seletiva de aglomerações com forte fiscalização policial e também ao toque de recolher às 22h. Ninguém precisa, neste momento, ficar na rua após este horário (salvo a quem trabalha em plantões, por exemplo).
Portanto, se as autoridades sanitárias orientarem corretamente e o Executivo ouvir, se poderá sim fechar de forma seletiva e com limitações o comércio e se conseguirá viver e con(viver) neste (argh, odeio este termo, mas vá lá) “novo normal”, que segundo as autoridades japonesas, teremos de aprender a viver por pelo menos mais um ano e meio até que as vacinas estejam totalmente disseminadas e aplicadas na população.
O que quero dizer com tudo isso, que não sou um especialista em saúde pública, mas um analista do que vejo e leio. E que não aprendemos ainda viver em sociedade. Que somos egoístas por natureza, daqueles que dizem: “se eu estiver bem o resto que se exploda”! Portanto, amigos, se não formos (re)educados neste sentido de que se eu prejudicar o próximo estou fazendo mal a mim mesmo, nada mudará e não terá lockdown que dê jeito. Portanto, é melhor aprendermos a ter bons hábitos, entender que aglomerações em grandes eventos só serve para matar gente e que precisamos viver assim por um bom tempo e reaprender a sermos sociáveis. E que comecem as críticas…