Situada no Sudoeste colombiano, a cidade de San Juan del Pasto é a capital do Departamento de Nariño. Com uma população estimada em 500 mil habitantes, o município fica localizado na Região da Cordilheira dos Andes, por isso, a sua temperatura média é de 14 °C e com uma altitude de 2 527 metros acima do nível do mar.
A Udemar possui aproximadamente 9.867 alunos e é originalmente embelezada pela aragem agradável da brisa gelada da cordilheira dos andes. Suas origens acadêmicas remontam os tradicionais ensinamentos do primeiro decênio do século XVIII, mas foi somente nos primeiros anos do século XX que a Udemar foi oficialmente criada durante a governança de Julian Buchelli.
No auspicioso torrão da cordilheira, embelecida pela briosa estesia da mata, a Udemar internalizou a montanhosa e estetizante rede rochosa que se estende divinamente no imaginário devaneante dos povos originários colombianos.
No Departamento de Nariño estão elencados pouco mais de 60 municípios, localizados numa área de 33.268 km² e com uma população estimada de 1.630,592 habitantes. A composição genética de Nariño carrega em seus dados históricos a notável marca de uma população 44% ameríndia, enquanto San Juan del Pasto contempla o índice ameríndio de 57,2%.
A Universidade de Nariño através da sua Faculdade de Artes, diviniza, propicia e divulga, a florescência esplêndida e colossal de um pensamento artístico híbrido e fulgente, imbricado no cerne de sua holística instituição educacional.
A arte instiga a vivência, e no âmago de sua singular virtuosidade, se estende na volúpia da sensibilidade, da percepção, da reflexão e da sua indomável liberdade transcendental. Visivelmente entranhada às asas do imaginário andino a arte vincula o saber e o respeito às diferentes diferenças dos modos de vida e das criações estéticas das civilizações humanas.
As pinturas dadivosas e inebriantes da Universidade de Nariño viajam na percepção de suas qualidades estéticas e estas flexibilidades da percepção aguçam a curiosidade e estimulam o olhar crítico através das suas inusitadas provocações lúdicas.
Nessa dimensão ontológica iniludível, a interculturalidade artística é uma proeminente contemplação da essência imaterial da alma. A espiritualidade da arte surge como que sintetizando a liberdade e construindo uma empatia exteriorizada em suas representações. É nas peculiaridades e pluralidades das inefáveis pinturas andinas que a arte em suas formas simbólicas surge resgatando os valores das nações indígenas colombianas.
As pinturas vivificam os povos indígenas originários das Cordilheiras dos Andes de forma aprazível e harmoniosa. Elas estão embelecidas pela estesia estética do sentimento e pertencimento andino através de uma criação plasmadora, fabulosa e inebriante. Nas suas cores fulgentes e colossais não há fronteiras nem enclausuramento de suas simbólicas expressões artísticas.
Nos suntuosos muros da universidade a arte está imbricada numa radiante práxis criadora, legitimando a resistência dos povos indígenas como fator preponderante da sua criação. É visível o encantamento da sociedade pastusa pela linguagem simbólica da liberdade artística criadora.
A consciência ambiental condena o ecocídio e proclama o equilíbrio ecológico no combate à destruição deliberada do ecossistema planetário.
Paes Loureiro nos diz que “o homem vive a remoldar de significações a vida. A fazer emergir sentidos no mundo em um processo de criação e reordenação continuada de símbolos intercorrente com a cultura”. Para o mesmo autor, a cultura é o campo de significação da arte como de tudo. É matéria em que o artista modula sua criação, uma vez que através dessa ambiência criada é que o homem vive e transvive a realidade.
Na encantatória Cordilheira dos Andes estão imbricados os espíritos dos povos Abad, Pasto, Quillasinga e demais nações indígenas que foram vítimas do mais brutal etnocídio humano. Mas a valentia e resistência desses povos é a mais original demonstração de luta pela sobrevivência e pela valorização da vida.
As águas dos rios Guáitara e Juanambú continuam enfeitando a cordilheira e suas almas, enquanto a matéria cruelmente devorada por Andagoya Pascual, Juan de Ampudia, Pedro de Añazco e tantos outros, continua alojada no coração da terra em tumbas esculpidas em argila, pintadas de vermelho e decorada por vasos coloridos milenares.
Pasto e Quillasinga como exímios tecelões, usavam algodão e peles de Ilhana para confeccionarem suas roupas que eram cuidadosamente tingidas com noz, índigo e demais tintas vegetais. As mulheres carregavam a valiosa tradição de confeccionarem cobertores de gramíneas e cascas de árvores nativas em seus pequenos núcleos habitacionais compostos de cerca de 30 cabanas. Seus modos de vida eram cotidianamente dedicados à Chakrakuna, a terra originária destinada ao cultivo comunitário, onde plantavam e colhiam batatas, ocas, ollocos, mashua, quinoa, milho, feijão, auyama, yuca, coca, fique, algodão, pimentão e tantas outras diversidades regadas pelas águas dadivosas dos rios Guáitara e Juanambú.
A arte ontológica das pinturas andinas colombianas carrega no seu bojo uma vivacidade cosmogônica dos povos originários e suas encantarias milenares. A arte em sua rica dimensão hermenêutica e holística, propicia um metamorfoseamento cultural, impregnado ás suas representações e significações que transcende o imaginário andino colombiano.
Para Paes Loureiro, “a arte, antes de ser um modo de conhecer, é um fazer. Para o artista é um fazer que compreende. E para o espectador um compreender que faz”.
Marquelino Santana é doutor em geografia, líder do Grupo de Estudos e Pesquisas, Modos de Vida e Culturas Amazônicas – Gepcultura/Unir e pesquisador do grupo de pesquisa Percival Farquhar o maior empresário do Brasil: Territórios, Redes e Conflitos na Implantação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM-RO) e na Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande (EFSPRG-PR/SC), da Universidade Estadual de Londrina e do grupo de pesquisa Geografia Política, Território, Poder e Conflito, também da Universidade Estadual de Londrina.