O Senado discute, neste momento, aprovar um requerimento de convite ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para que ele dê explicações sobre as críticas feitas à Casa, por conta da derrubada do veto que impediria o reajuste de salários de servidores. As conversas acontecem em reunião fechada, por meio do sistema remoto de deliberação. Segundo fonte, a ideia é que os senadores façam, primeiro, um convite para que Guedes compareça ao Senado, como é de praxe. Caso ele se recuse, a Casa aprovaria uma convocação, o que tornaria a presença dele obrigatória.
O convite é motivado, primeiramente, pelas declarações do ministro após a votação de ontem. Guedes irritou os senadores ao dizer que a decisão da Casa seria um "crime". "Pegar dinheiro de saúde e permitir que se transforme em aumento de salário para o funcionalismo é um crime contra o país”, afirmou. Mesmo senadores que votaram pela manutenção do veto concordaram que a postura do ministro foi desproporcional.
Os líderes também querem questionar Guedes sobre o acordo que foi feito em torno do projeto original. No WhatsApp dos parlamentares, circula um vídeo de uma das audiências que o ministro participou no Congresso, no qual ele admite que somente servidores que atuam na linha de frente de combate ao coronavírus poderiam ficar de fora da regra que impede o aumento de salário do funcionalismo. É exatamente este o teor do artigo que foi vetado pelo presidente Jair Bolsonaro e que os senadores optaram por derrubar.
Como mostrou o Valor, mais cedo, os senadores se irritaram com as críticas do governo. Eles justificam que, antes do veto, o Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus – como é o conhecido o projeto original – foi aprovado nas duas Casas a partir de uma negociação entre Legislativo e Executivo. Além disso, eles questionam as informações de que pode haver aumento de R$ 132 bilhões nos gastos públicos em até dois anos. Na época da aprovação da matéria, em maio deste ano, o texto que foi vetado recebeu votação unânime e relatório favorável do próprio presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que teria negociado todos os termos do texto tanto com o Palácio do Planalto quanto com o Ministério da Economia.