HUMAITÁ, Amazonas – Assentados do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) da região Sul do Estado voltaram a apelar ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) para que retome a ‘Operação Ponta de Lança’ que apreendeu ‘bois piratas’ na Amazônia.
Segundo lideranças de assentamentos sob a responsabilidade das Superintendências Regionais do órgão da tripla divisa do Acre, Rondônia e Amazonas ao longo da BR-364 e BR-319, nas últimas décadas, vem perdendo áreas de florestas para ao agronegócio bovino e madeireiro advindo do Sul e Sudeste do país através do lado rondoniense.
No caso das terras invadidas da União no Sul do Amazonas (Canutama, Lábrea e Humaitá), a criação de gado dentro de áreas de florestas já devastadas por madeireiros e pecuaristas ‘é, sim, do conhecimento das autoridades’. Segundo ele, ‘pecuaristas, grileiros e madeireiros só respeitam o MPF, a Polícia Federal e Força Nacional’.
A ‘Operação Ponta de Lança’ foi deflagrada em 2008 sob o patrocínio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA), no Parque Nacional do Juruena (MT), na Floresta Amazônica. À época, flagrou crimes ambientais. Além de criação de gado pirata.
Entre as regiões mais afetadas por crimes ambientais atribuídos a madeireiros e pecuaristas, a região Sul de Canutama e Lábrea continua sendo a mais devastada e ocupada por criação de gado pirata e extração ilegal de madeiras.
De acordo com dados obtidos junto a fontes de setores independentes locais, a criação de gado dentro de áreas de reservas federais, desmatamento, garimpo ilegal, extração de madeira, pesca, palmito, essências naturais em Parques Nacionais, na Floresta Amazônica, sem autorização, ‘não se trata de nenhuma novidade’.
Na opinião da parte maior dos beneficiários do Projeto de Assentamento São Francisco, no eixo central dos quilômetros 46 ao 56, na BR-319, além da criação de ‘boi pirata’, os desmatamentos correm soltos. Segundo disseram, ‘na fundiária de uma antiga fazenda, nessa mesma área, uma estrada de cerca de dez quilômetros teria sido aberta, clandestinamente.
– É por essa via que madeiras extraídas, ilegalmente, da Reserva Federal Campos Amazônicos, é levada para madeireiras de Porto Velho, revelou o presidente da Associação de Agricultores, ‘Goiano do KM 56’.
Além do PA São Francisco, sob a de responsabilidade do INCRA do lado amazonense, ‘boi pirata’ é criado, também, nas divisas dosa distritos de Nova Califórnia, Vista Alegre, Extrema e Jaci-Paraná, na Ponta do Abunã.
As fontes garantiram ainda que, caso a Operação Ponta de Lança a cargo do IBAMA venha a ser desmembrada através do Ministério do Meio Ambiente (MMA), ‘irá flagrar no Sul do Amazoas, um dia, pelo menos, cinco ou mais crimes ambientais, dos tantos já contidos pelas Forças Armadas (Operação Verde Brasil e Ágata), Polícia Federal e Força Nacional’.
IMPUNIDADE? – Nas duas últimas décadas, o agronegócio bovino e madeireiro avançou de forma descomunal na tripla divisa dos estados do Acre, Rondônia e Amazonas. Os negócios com extração ilegal de madeira e ‘boi pirata’ pouco tem sido combatido na região cujos protagonistas, segundo remanescentes de seringueiros, castanheiros e caboclos amazonenses, ‘são guardados por milícias e policiais que fariam bicos nas áreas de conflitos agrários’.
O QUE É BOI PIRATA – De acordo com um agente do IBAMA que já atuou em várias operações da Polícia Federal no Sul do Amazonas, ora contra tráfico de drogas, ora na prisão de madeireiros na Ponta do Abunã, ‘é a criação de gado bovino dentro de áreas de reserva federal, Parques Nacionais e/ou reserva extrativista, sem autorização’.