Porto Velho, RONDÔNIA – O futuro da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM) pode ser decidido em novas audiências puxadas por entidades que lutam pela defesa do patrimônio histórico arqueológico, artístico e Turístico e não tem encontrado eco, até aqui, junto a órgãos de controle regionais.
Por sua conta e risco, parte das entidades que se acham travadas por setores conservadores e que nos últimos quatro anos tomaram a frente da suposta revitalização junto às Curadorias Ambientais, afirmam que, ‘não se trata apenas da restauração da Ferrovia até Guajará-Mirim’. Mas, de todo o patrimônio e cultura rondoniense.
Francisco Chagas, 63, Produtor Executivo de Rádio, Jornal e TV, no Estado desde os idos de 77, diz que ‘os nativos não podem se deixar levar por falas de agentes do Estado dentro de Curadorias Ambientais que atestariam que o Complexo Ferroviário, por exemplo, ao longo de décadas se tornou um monte de ferro retorcido’.
– E que trilhos, roldanas, giratórias, vagões ou peças de menor valor para esses tais, devam ser vendidos a ferro-velho, afirmou Chagas.
Durante décadas, segundo apontou ele, dezenas de agentes públicos desqualificaram a secular Ferrovia do Diabo e chegaram a ponto de, ‘no obscurantismo, se deram bem galgando posições e cargos em sucessivos governos falando de cultura ferroviária, arqueológica, artística e patrimonial rondoniense em troca de vantagens’.
– Todavia, apenas fizeram pelo poder de propagar interesses próprios em supostos casos de possíveis sinecuras praticadas contra bens tombados por leis municipais, estaduais e nacionais, pontuou Francisco Chagas.
Por força de possíveis descaracterizações das linhas originais, por exemplo, de locomotivas, vagões, pátios da Estação do Trem, além do sumiço inexplicável de peças do acervo do Museu Ferroviário, os grupos de interesse no projeto da restauração da ferrovia, na inicial, até a Vila Santo Antônio e, na seqüência, ligando-a até Guajará-Mirim, pretendem ter voz junto à BBC de Londres e agências afins.
O objetivo, segundo fontes ligadas à Associação de Amigos da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (AMMA) e de um Grupo de Amigos da Ferrovia Madeira Mamoré, este sediado em Londres, ‘é obter, antes de 2020, a manutenção da decisão tomada pelo Desembargador Souza Prudente, do TRF-1, que mandou o poder público manter a legislação federal de conservação e preservação da ferrovia’.
– Não a descaracterização de suas linhas originais através de obras modernas condenadas pela Lei do Tombamento, aduziu Chagas, indignado com o suposto afrouxamento dessa decisão que vem permitindo um verdadeiro desmonte da Madeira Mamoré.
Para tanto, de acordo com a acadêmica Francisca da Silva, 57, ‘entidades e cidadãos deveriam se levantar para fazer decisões de instâncias superiores, aqui, costumeiramente, modificadas em decisões sem o coletivo de entidades representativas que existem a mais tempo que próprios agentes do Estado despachados de Brasília aos órgãos de controle, muitos dos quais, ainda estado probatório’.
Como alternativa para se chegar à preservação total da cultura ferroviária e do belo artístico, cultural, arquitetônico e do arqueológico, ao menos na Europa, Estados Unidos e em mais de 70 nações que perderam seus cidadãos na construção da ferrovia, entidades e cidadãos rondonienses pretendem dar celeridade à oxigenação de um conselho de defesa do patrimônio histórico arqueológico, artístico e turístico de caráter plural cuja função é, verdadeiramente, proteger, valorizar e divulgar o patrimônio cultural no Estado de Rondônia, a exemplo do Museu da Imagem (MIS), em Porto Velho.