Do Folha de São Paulo
Do time, oito atletas já pediram dispensa e foram embora. Igor Matias, 21, volante, é o único do grupo que chegou em janeiro e que ainda está no clube. Tudo pelo sonho de disputar a série D pelo Rio Branco.
O Náuas não se classificou para a competição nacional. Com um patrocínio de R$ 3.000 mensais, Lopes reforçou o caixa vendendo duas toneladas de farinha de Cruzeiro do Sul com o escudo do clube estampado na embalagem. Entre despesas gerais e folha de pagamento, segundo o presidente, já foram gastos mais de R$ 100 mil, 60% pagos por um investidor paranaense.
Sem jogos, porém, o investidor suspendeu o repasse, e o caixa do clube zerou. Para reduzir gastos, a esposa de Lopes assumiu a cozinha. O auxiliar técnico ajuda lavando a roupa do grupo, e o próprio presidente executa tarefas como preparador do goleiros, roupeiro e motorista.
“Não tenho mais de onde tirar dinheiro”, lamenta ele, que é funcionário público. Na cozinha, o estoque de alimentos, fruto de doações, está quase no fim. Na semana passada, o presidente da federação estadual, Antônio Aquino Lopes, entregou ao Comitê Gestor da Covid o pedido de liberação dos estádios.
A entidade incluiu na proposta o protocolo da CBF e a garantia de que seriam cumpridas todas as normas para segurança dos envolvidos nas partidas. Cada clube receberia um repasse de valor não divulgado para implementar as medidas. Orientada pelo comitê, a liberação foi negada pelas autoridades locais.
O Náuas estreou no dia 2 de fevereiro na competição, na derrota por 2 a 1 para o Galvez. No dia 16, goleou o Vasco por 5 a 0. Encerrou o primeiro turno na derrota de 1 a 0 para o Humaitá, no início de março. Já são quase cinco meses de espera para voltar. O decreto que suspendeu os jogos, em 20 de março, foi renovado quatro vezes e termina no próximo dia 30. Porém, a autorização para treinos e jogos depende do aval das autoridades.