Porto Velho, RONDÔNIA – A reviravolta na vida de apenados do sistema prisional rondoniense tornando-os empreendedores fora das cadeias vem sendo digno de atenção por parte da população. Mas, ainda não gerou quase nenhuma expectativa por parte do Estado.
É o que se viu nas falas da reportagem com alguns deles que integram grupos de condenados por crimes de homicídio, tráfico, violência doméstica, assalto, furtos e outros delitos de natureza circunstancial.
Na Reportagem, alguns ex-integrantes de facções, muitos dos quais condenados com até 15 ou 19 anos de prisão decidiram falar sob a condição de não terem a identidade revelada. Segundo disseram, ‘o motivo é que ainda o preconceito é muito grande na cidade’.
Um dos integrantes do grupo contatado pelo NEWSRONDÔNIA neste final de semana garantiu, contudo, que, ‘a exclusão é visível, mesmo com o Curriculum indicando aptidão ao novo emprego, o CPF consultado aponta os antecedentes criminais’.
Diante disso, com a recusa da sociedade, disse, quem, ‘saiu da cadeia, fatalmente, terá o dedo apontado em sua direção por anos a fio pro ter sido um dia, apenado’. Mas, cada caso é um caso.
Ente lamúrias e decepções após procurarem se reintegrar à sociedade, mesmo não devendo mais nada à Justiça, a via crucis de cada um que tenta retomar antigas atividades profissionais, como barbeiros, manicures, massagistas, costureiros, pedreiros, bombeiros hidráulicos, pintores de parede, artesãos, cuidadores e futuros acadêmicos.
De acordo ainda com um dos interlocutores, ‘sempre há uma luz no fim do túnel para os que resistem à exclusão’. Inclusive daqueles que deveriam garantir a reinserção à sociedade, ressalta a Reportagem, ao citar o próprio Estado rondoniense por ainda não inserir apenados em seus programas governamentais.
Diferentemente de uma minoria que não que, um dia, se tornou apenado do sistema prisional estadual ou federal em Rondônia, o grupo contatado pelo NEWSRONDÔNIA na Zona Leste, revelou interesse em ‘causar’ ante a falta de oportunidades não oferecidas pelo Estado. A maioria, ao sair da cadeia, o fez com alguma profissão de caráter alternativa.
É o caso de R.S, 29. Ele deu uma reviravolta na vida e se tornou Barbieri (barbeiro) num dos pontos de maior movimentação do bairro Tancredo Neves. Com pouco tempo fora da cadeia, mas, com vontade própria e ajuda de amigos e familiares, montou o próprio salão.
Com nova profissão – ele era estudante regular -, assumiu, inclusive, o sustento da família em março deste ano. E revelou que, ‘estou 100% fora da adrenalina causada pela atração do crime’. E que, agora, pretende consolidar ‘meu novo plano de vida’, o da vida sadia, responsável e de luta pela igualdade de direitos, arrematou.
Enquanto isso, como R.S, outros apenados ouvidos revelaram a intenção de seguir no mesmo caminho ou em outro de maior valor econômico. É o que aponta a cabeleireira M.R.S, 31, natural de Apucarana (PR). Ela pretende montar seu próprio salão de beleza. Porém, se sente travada em meio a pandemia do novo coronavírus.