Um estudo feito com 821 pacientes dos Estados Unidos e Canadá não encontrou prova de eficácia do uso da hidroxicloroquina na prevenção da Covid-19. A pesquisa foi publicada nesta quarta-feira (3) na revista científica 'The New England Journal of Medicine'.
O estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Minnesota, nos EUA, e mais cinco instituições canadenses observou também a incidência de efeitos colaterais nos pacientes que consumiram hidroxicloroquina, mas não houve relato de reações mais graves.
“A mensagem para levar para o público em geral é que, se você é exposto a alguém com Covid-19, a hidroxicloroquina não é uma terapia preventiva ou de pós-exposição eficaz”, disse David Boulware, um dos autores da pesquisa ao "New York Times".
A incidência de novos casos de infecção por coronavírus nos participantes não apresentou muita diferença entre os pacientes que receberam a hidroxicloroquina, os que receberam placebos e os que não receberam nada.
Este é o primeiro ensaio clínico controlado feito com o medicamento anti-malárico. A publicação diz que ao menos 87,6% dos voluntários relataram uma exposição de alto risco a um paciente portador do vírus Sars-Cov-2.
Profissionais de saúde e cuidadores
De acordo com os protocolos do estudo, os participantes foram escolhidos de maneira aleatória. Os pesquisadores deram prioridade a profissionais de saúde e cuidadores de pacientes com Covid-19 que tiveram contato inferior a dois metros e por mais de 10 minutos.
Os participantes foram recrutados através de um chamamento feito em uma rede social e, e segundo o "Washington Post", receberam os medicamentos e placebos em casa sem saber qual haviam recebido.
Um placebo é como se chama o uso de uma substância inertes ou farmacologicamente inativas a um paciente para medida de comparação de eficácia em um teste de medicamentos.
"Dadas as sensibilidades políticas da questão, era importante que os participantes não soubessem quem estava recebendo o medicamento e quem estava recebendo o placebo", disse Boulware ao "Washington Post".
Os voluntários do estudo foram instruídos a consumir as cápsulas (do remédio e do placebo) durante cinco dias. Após este período, os cientistas acompanharam se houve a infecção dos participantes em até duas semanas.
O pesquisador fez uma ressalva sobre o estudo e disse ao "Washington Post" que não havia testes amplos para o diagnóstico da Covid-19 durante o período da investigação. Por isso, a equipe confirmou os casos a partir de análises clínicas em pacientes sintomáticos e depois disso com confirmações em laboratório.
OMS retoma testes
A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que vai retomar os testes com a hidroxicloroquina. A entidade diz que revisou dados e não encontrou aumento na mortalidade entre os pacientes.
Os testes foram suspensos pela agência de saúde da ONU em 25 de maio, depois que um estudo publicado na revista científica "The Lancet" indicou que não há benefícios no uso da substância para a Covid-19. Além disso, a pesquisa também apontava maior risco de arritmia cardíaca nos pacientes que usaram o remédio e maior risco de mortalidade.
Entretanto, na terça (2), a revista publicou uma "manifestação de preocupação" com os dados usados no estudo. Informou, ainda, que uma auditoria está em andamento.