Porto Velho, RO – Lord Jesus Brow, 72 anos, remanescente de barbadianos, vem sendo apontado por ferroviários como um dos maiores conhecedores da destinação das peças que compõem o acervo de peças históricas da Estrada de Ferro de Madeira Mamoré (EFMM) ainda vivo.
Nascido no Distrito de Abunã, ele tem se manifestado nas rodas de amigos que não admitem o sumiço das peças de forma misteriosa desde a última enchente, quando, o acervo foi retirado pela Prefeitura e transferido para um armazém improvisado no bairro Lagoinha e de lá, 'muitas delas não retornaram ao lugar de origem', revelou um ex-piloto da Litorina que não quis se identificar.
Sobre o assunto, instado enquanto transitava por um dos pontos que ligam ao restaurante da senhora conhecida por Madalena, ainda em 2019, ele falou da importância da preservação e conservação das peças à memória da cultura ferroviária. Porém, nada disse quem seria os autores dos supostos furtos de trilhos, dormentes de aço ou outros equipamentos subtraídos ao longo do processo de revitalização.
Por outro lado, Lord Brow, que é filho de negros barbadianos vindos para a Amazônia durante o início da construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM), a partir dos anos 1912, também, se mostrado profundo conhecedor das histórias das enchentes do Rio Madeira. Segundo ele, 'meu pai, sempre nos disse para que observássemos e respeitássemos o Rio'.
O pai dele veio de Granada, na Inglaterra, para trabalhar como profissional de telegrafia da ferrovia antes de 1900. Lorde, que considera 'mais cuidador da ferrovia' e que nela trabalhou como foguista. É justamente sobre o conhecimento que teria, que, os amigos ferroviários atribuem à Lord Brown, 'o ponto de partida para que muita coisa suja que marcam furtos e roubos de peças do acervo da EFMM venham à tona'.
De acordo com notícias sobre furtos de peças do acervo da Estrada de Ferro, já em 2018, o Vice-Presidente da Associação da categoria, George Telles de Menezes (Carioca) – que é Administrador -, endereçou vários pedidos às autoridades alertando sobre esses registros. Inclusive à Policia Federal e ao Comando da Polícia Militar.
Em todas as tentativas para evitar as ações de criminosos, não só no Complexo Ferroviário e Vila Ferroviária que integram o Centro Histórico, 'poucos resultados resultaram positivos', já que os furtos e assaltos continuam até aos dias atuais, apontaram ferroviários que estão fora do comando dos passeios turísticos da Litorina (vagão a motor) realizados nos finais de semana.
A importância do foguista ferroviário, Lorde Jesus Brown, no processo de descoberta dos autores de furtos de peças históricas que compuseram o acervo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM), antes e depois da retirada delas para um galpão particular no bairro Lagoinha, segundo ex-colegas que estão fora dos quadros da diretoria da Associação da categoria, 'é de fundamental importância para manter a nossa memória ferroviária '.
SEM RECONHECIMENTO – Ainda sede social para garantir atendimento ao público e à categoria, ferroviários amargam promessas de um novo prédio a ser cedido pelo Estado. Desde sua retirada da entidade (ASFEMAM) do prédio da Estação Central dos Trens, no largo do Complexo Ferroviário, dirigentes da entidade foram, também, desalojados do antigo Prédio do Relógio. Depois de um saguão de um hotel e da sede antiga Secretaria de Desenvolvimento Sócio-Econômico e Turismo (SEMDESTUR).
Depois de tantos insucessos em busca de melhorias, entre as quais, pedido negado de construção de um galpão improvisado com recursos cedidos pelo Consórcio Santo Antônio Energia (CSA-E). No largo da Candelária, havia uma capela aonde os ferroviários realizavam cultos e missas. Da reunião, participaram dirigentes ferroviários e membros do Consórcio.