Porto Velho, RO – A mudança de estratégia por parte de entidades protetoras de projetos de revitalização do Complexo Ferroviário e da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM) vem contribuindo para o sucateamento definitivo desses dois cartões postais da Capital rondoniense.
Um dos lados negativos dessas ‘estórias e histórias’ contadas por antigos ferroviários a este site de notícias, nesta terça-feira (28), dar conta que ‘a venda de trilhos, dormentes e peças históricas da centenária Ferrovia do Diabo, não é de hoje’, afirma a acadêmica Francisca Souza da Silva, 57, filha e amiga de ferroviários e soldados da borracha.
– O que estão fazendo com a memória ferroviária porto-velhense?, indagou Francisca.
Intelectuais, juristas, historiadores e remanescentes da categoria ferroviária colocaram em xeque a determinação da Fundação Cultural, IPHAN estadual e da Associação dos Empregados da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (ASFEMAM) em permitirem venda de trilhos, dormentes de aço ou quaisquer peças históricas ao ferro-velho.
Segundo esses interlocutores, pesquisas nos anais da representação estadual do IPHAN e em dados tirados de entrevistas concedidas por ex-ferroviários da ASFEMAM, dão conta que, ‘a ideia original para o suposto descarte dos trilhos e outras peças das composições (trens e vagões) é para revitalizá-los e não vendê-los aos ferros-velhos’, admitiu, nesta terça 28.
Sobre o assunto, o Vice-Presidente da Associação dos Empregados da estrada de Ferro Madeira Mamoré Ferroviários da Estrada (ASFEMAM), administrador George Telles Menezes (Carioca), defendeu por muito tempo, ‘a interferência da Polícia Federal para coibir o furto de trilhos, dormentes, luminárias, postes, lustres, sinos ou quaisquer peças históricas’.
Sobre isso, ainda, ele mobilizou, á época, o Comando da Polícia Militar para que destinasse equipes do Serviço Reservado (PM-2) para prender acusados sobre tal façanha, bem como tentar acabar com os roubos de armas e munições de vigilantes destacados e pagos pelo Consórcio Santo Antônio Energia (CSA-E).
Conforme avaliações e depoimentos de época, além dessas ações, ainda são atribuídas à direção da categoria ferroviária, ‘a suposta e anulação por parte das Curadorias do Meio Ambiente (Estadual e Federal) do projeto de revitalização que pretendia, na inicial da concessão do Complexo Ferroviário ao município por 50 anos, alterar as suas linhas arquitetônicas e artísticas originais do Complexo, do traçado da malha ferroviária, prédios, galpões e armazéns tombados pelo IPHAN nacional, lembraram historiadores de caráter independente.
De acordo com entrevistas à mídia e em relatos a órgãos de preservação e conservação do patrimônio ferroviário vinculados ao Governo Federal e da manutenção da cultura ferroviária, ‘Carioca’ foi ao Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT), aos ministérios do Turismo, Planejamento, Gestão e Orçamento da União, ‘sempre pra lutar pela revitalização do Complexo Ferroviário e da restauração da ferrovia â partir do quilômetro um a Guajará-Mirim, sem alteração das linhas originais’, se recorda o consultor Roberto Lemes, 48.
A suposta participação de parte de dirigentes da Associação dos Empregados da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM) no corte de peças, trilhos e dormentes de aço considerados ‘inservíveis’, segundo informes passados à mídia local, é baseada em acordo entre a Fundação Cultural de Porto Velho e a entidade’. O dinheiro arrecadado, segundo dirigentes da categoria, ‘será usado na compra de dormentes’.
Uma rápida visita a parte de anais de órgãos de controle, ainda não teria sido esclarecida a participação de um ex-perito do IPHAN – ora lotado no município – nas análises e perícias das peças que estão sendo vendidas aos ferros-velhos. Em que pese às mudanças consideradas radicais atribuídas aos dirigentes dos ferroviários sobre a destinação correta de trilhos, vagões ou peças históricas e que, agora, ‘com a venda desses aos ferros-velhos, surpreendem todo mundo, e não apenas antigos ferroviários’, arremataram estudiosos da cultura ferroviária porto-velhense.
XICO NERY