Orientar alunos em uma oficina de pintura durante uma semana na Zona Leste de Porto Velho, este foi o mais novo desafio vencido pela artista plástica Rita Queiroz, que ficou impressionada com o interesse das pessoas que conseguiram se inscrever no evento destinado às famílias beneficiadas pelo programa Minha Casa Minha Vida.
O Projeto de Trabalho Social (PTS) tem como uma de suas funções organizar atividades sociais e ambientais para as famílias beneficiadas pelo programa Minha Casa Minha Vida, cujo principal objetivo é oferecer moradias para as famílias, em geral de baixa renda. E neste contexto estão incluídas ações culturais, como a realização de uma oficina de pintura em tela, como aconteceu esta semana no Residencial Porto Belo II, no bairro Socialista, para o qual a artista foi convidada.
A princípio as vagas seriam destinadas aos idosos e portadores de necessidades especiais, mas por falta de público, foramestendidas a outros interessados. Para preenchimento das 20 vagas, houve pelo menos 40% a mais de procura, informou Ana Paula Barros, representante da empresa MRS, contratada para desenvolver o projeto.
As aulas começaram na segunda-feira e ainda ontem ainda estavam chegando pessoas pedindo informações. Nesta sexta-feira (13)será o encerramento com entrega de certificados. “Hoje, no final da aula, uma jovem me procurou para saber como poderia participar das aulas e ficou decepcionada quando eu disse queo curso já estava na fase de encerramento”, assinalou Rita Queiroz. Para ela foi muito bom ver as pessoas interessadas no aprendizado e destacou que todos os participantes do curso se empenharam muito e que observou pessoas com talentos especiais no meio da turma. “Eu estava até preocupada em como seria o trabalho, mas todos estavam muito entusiasmados e em poucos dias produziram não uma, mas até três telas e boa parte delas com muita qualidade”.
Realizar trabalhos sociais é uma das coisas que a artista Rita Queiroz mais gosta de fazer, ela lembrou o tempo em que pôde trabalhar com menores infratores; presos do sistema prisional de Porto Velhoe de Guajará-Mirim; idosos; internos da psiquiatria do Hospital de Base, entre outros.
“Este tipo de atividade me põe pra cima, renova a minha vida”, declarou.
Aos 83 anos de idade, a artista plástica chegou a sercriticada por alguns por aceitar a missão de ir até a Zona Leste para ministrar aulas, mas ela disse que valeu muito a pena e está disposta a retornar à comunidade para desenvolver um trabalho em especial com as crianças. “Me disseram que aqui era muito perigoso, mas não vi isso não, pelo contrário vi as pessoas vivendo harmoniosamente, crianças brincando no pátio do condomínio e pessoas muito interessadas em aprender uma atividadenova na vida, isso sim, porque tirando uma ou duas pessoas, as demais nunca tinham tido uma experiência com nenhum tipo de pintura.”
Até então conhecida pelos alunos apenas pelo nome, Rita descobriu que tem muitos admiradores de sua arte, como a xará Rita Pereira Lima, uma cozinheira aposentadade 67 que disse estar muito honrada em conhecer a artista mais famosa de Porto Velho. O contador Sérgio de 35 anos precisou correr para chegar a tempo às aulas. Ele contou que sempre foi interessado pelas artes plásticas e chegou a produzir duas telas, mas teve que abandonar a arte por falta de recursos e por ter que se dedicar a vida profissional, mas que agora encontrou um novo alento e que pretende dar continuidade. Segundo ele, as orientações recebidas da professora Rita foram muito valiosas. Sueli de Abreu trabalha com costura e com crochê, tem 61 anos e disse que quando soube do curso pensou consigo mesma “Sueli, tá ai uma boa oportunidade pra você aprender o que ainda não sabe”. A reflexão foi levada a sério. Na segunda-feira foi a primeira a chegar e estava ansiosa pelo que iria acontecer ao longo da semana e destacou que o certificado da oficina de pintura, assinado por Rita Queiroz, terá um lugar de destaque em casa.
Mas nem só de adultos foi formada a turma de alunos de Rita Queiroz. A Vitória de 14 anos no primeiro dia disse que não sabia pintar nada, mas que sempre gostou de admirarpaisagens e apostou no manuseio das tintas e pinceis. Geovani de 13 anos foi o primeiro adolescente a se apresentar, ele inclusive levou os desenhos de carros criados por ele mesmo para mostrar a professora. Seu trabalho final foi uma coruja, que deixou Rita encantada pela admiração que tem por esta ave. Gustavo de 11 anos foi ocaçulinha da turma. Chegou já no segundo dia, mas tomou posse como os primeiros,e empolgado exibia sua camisa marcada pelas cores das tintas usadas para a produção do seu trabalho.