No último sábado (23) ocorreu a grande final da Libertadores da América de 2019 em Lima, no Peru. O Flamengo enfrentou o River Plate, da Argentina, na grande decisão que consagrou o time brasileiro campeão pela segunda vez em sua história. O clube de maior torcida do Brasil voltou a disputar a final após 38 anos.
Com o Flamengo indo disputar a grande final em Lima, no Peru, torcedores de todo o país começaram a economizar, pegar empréstimo, fazer várias loucuras para poder acompanhar o time do coração na decisão no estádio Monumental. Aqui em Porto Velho não foi diferente, cerca de 13 torcedores foram de Van até Lima para ver o rubro-negro carioca.
O jovem, Guilherme Santos, morador de Porto Velho, contou para o News Rondônia como foi toda a aventura percorrida por ele e todos os torcedores que estavam na Van.
Segundo ele, a troca de local da final da Libertadores dias antes do evento, dificultou a ida de alguns torcedores pelo fato do preço das passagens estarem absurdamente alta. A final que seria em Santiago, no Chile, mudou para Lima, no Peru, devido às manifestações que estavam ocorrendo no Chile.
“Mas com o jeitinho flamenguista, fazendo alguns empréstimos, gastando os limites do cartão de crédito, todos conseguiram viajar”, disse Guilherme.
Ele e mais 17 pessoas então alugaram uma Van e partiram para Lima, cheio de dúvidas se iriam chegar a tempo, com medo, mas com muita festa e esperança. Os torcedores saíram na quarta-feira (20), mas o caminho até o Peru seria longo. Pois logo na fronteira, veio-se o primeiro obstáculo, já que os policiais do local não queriam deixar Guilherme e seus companheiros passar com o veículo. Mas na troca do turno dos policiais, eles conseguiram seguir a viagem.
A altitude foi outro empecilho na viagem, a mais de 4 mil metros, muitos torcedores passaram mal durante o percurso e um dos motoristas até desmaiou devido a falta de ar.
Com o veículo quebrando a todo o momento, os passageiros se viram perdendo muitas horas para poder arrumar a Van, e com isso se veio o medo de não chegar a tempo para o jogo. Diante disso, cerca de cinco torcedores desistiram no meio do caminho e foram de avião. Mas mesmo com todo o medo que cercava os rubro-negros, eles conseguiram chegar a Lima no dia do jogo.
Ao chegarem no país Peruano, os torcedores ficaram maravilhados pela cidade belíssima. Segundo Guilherme muitos rubro-negros não tinham sequer ingressos.
“Fomos pro hotel e várias pessoas da Van não tinham ingresso e muito menos hospedagem, eu aluguei um quarto, e não sabia que tinha três camas. Então conseguimos colocar mais duas pessoas no meu quarto, e enfim invadimos lima”, explicou.
Os torcedores então tomaram banho e partiram para o estádio Monumental, palco da grande final. Com mais torcedores Flamenguistas do que do River, Guilherme viu o estádio sendo dominado pelos brasileiros e pelos torcedores rubro-negros.
A princípio iria rolar um mosaico da torcida do Flamengo, mas na entrada do estádio, os seguranças não deixaram entrar nenhuma bandeira e nenhum tipo de acessório. Foram ao todo 10 revistas só para adentrar o local. Independentemente disso, os torcedores ficaram em êxtase por estarem ali acompanhando o time do coração e vendo os jogadores de perto.
Para Guilherme o que foi mais desagradou a torcida foi o fato de não deixarem entrar com as bandeiras e acessórios do time.
“O que mais desagradou foi o fato de não deixarem entrar com as bandeiras e forçarem a abandonar nossas bandeiras. Pagamos cinco reais para umas mulheres cuidarem dos objetos fora do estádio, mas quando voltamos não estavam nem as mulheres e nem as bandeiras”.
Muitos torcedores da Van começaram a chorar no momento que entraram no estádio, por tudo que passaram para estar ali, pelo palco do jogo ser lindo, por estarem com todos aqueles torcedores e pelo sonho de assistir um jogo do Flamengo. Passava-se um filme diante de todos eles.
Quando os jogadores do Flamengo entram para se aquecer, a torcida começa a cantar, a fazer festa.
O JOGO
Começa o jogo com a torcida do Mengão cantando a todo vapor. Mas com os passar dos minutos ela foi murchando, ao perceber que o time não estava bem e que o River Plate estava jogando melhor.
Logo aos 14 minutos, o time argentino abriu o placar com Borré, e a torcida do Flamengo se calou. Era o primeiro tempo terrível para o time e para os torcedores que ali estavam. O clube rubro-negro não conseguia jogar e com o passar dos minutos o River pressionava e assustava a meta do Diego Alves.
No primeiro tempo o Flamengo finalizou somente uma vez, era nítido uma das piores partidas do time na temporada. A torcida não via à hora de acabarem os primeiros 45 minutos para o técnico Jesus conversar com os jogadores no intervalo, visto que muitos dos atletas estavam jogando um final de Libertadores pela primeira vez.
A segunda etapa começou com time rubro-negro um pouco melhor, mas não era efetivo, não conseguia se impor diante do River que desempenhava um partida perfeita, com pressão e muita marcação.
O tempo ia se passando e os torcedores rubro-negros iam vendo um cenário jamais imaginado por eles. Principalmente para Guilherme e seus companheiros, que passaram por várias dificuldades para chegarem até Lima.
“Começamos perdendo o jogo e foi um momento de aflição e de medo, imaginando como seria voltar, pegar toda aquela estrada de novo, e passar por tudo sem o título, seria muito frustrante”, afirmou Guilherme.
Mas como toda história de filme, sempre tem aquela parte em que as coisas não dão certo, que as pessoas começam a desacreditar e perder a esperança. Até porque para uma história ser perfeita, ela tem que ter o momento ruim, para que o momento bom possa valer a pena.
E foi o que aconteceu com Flamengo e com os torcedores do time. Chegando nos minutos finais da partida, Bruno Henrique faz grande jogada e passa para Arrascaeta encontrar Gabigol sozinho para empatar o jogo. Era o empate do Mengão. Guilherme e seus companheiros comemoraram e começaram a fazer festa, e nesse momento de euforia, Gabigol virou o jogo.
“Nossa comemoração do primeiro gol durou 2 minutos, então só lembro o momento que o zagueiro do River errou e o Gabigol fez o segundo, ai que foi festa mesmo”, disse Guilherme.
O jogo acabou e o Flamengo venceu a partida por 2 x 1, conquistando sua segunda Libertadores na história.
LOUCURAS
Flamengo foi campeão e para os torcedores que estavam na Van, foi tudo perfeito, valeu a pena cada esforço para estar ali. Guilherme por sinal perdeu seu emprego, já que ele disse que tinha autorização para ficar três dias fora, mas por causa dos imprevistos da viagem, acabou ficando mais que isso, e consequentemente foi demitido. Independente disso, para ele valeu a pena. Segundo ele, teve torcedor que perdeu a namorada e a mulher para estar em Lima.
Apesar de todos os problemas de altitude, na estrada e na entrada do estádio, para os torcedores que estiveram presentes, valeu cada momento e esforço, pois estavam representando os 40 milhões de rubro-negros espalhados pelo Brasil a fora.
A VOLTA
Na volta para casa foi só festa dos torcedores que estavam na Van, teve ainda mais euforia no dia seguinte, quando o Flamengo foi campeão Brasileiro de 2019 com quatro rodadas de antecedência. Mas o retorno para casa foi complicado.
Para Guilherme a volta foi pior, por causa que a Van quebrou novamente e os torcedores tiveram que trocar de veiculo quatro vezes. Durante o percurso tiveram que fazer desvios por algumas cidades e isso fez demorar ainda mais o retorno para Porto Velho.
Mas quando chegaram à cidade, veio-se o alivio e ficou somente memórias dessa grande viagem que jamais será esquecida por todos que estavam ali presente, ainda mais para Guilherme que fez loucuras para ver o seu time do coração ser campeão em outro país.
Guilherme terminou sua entrevista deixando uma mensagem para todos que viajaram com ele e para todos os torcedores rubro-negros que não puderam estar ali presentes.
“O filme que passava na minha cabeça e acredito que na de todos que fizeram essa missão de ir pra Lima, é de o jogo estar aos 43 do segundo tempo e pensar que teria que fazer todo o trajeto de volta triste sem o título. Foi angustiante, mas a alegria depois do primeiro gol, logo após o segundo, e o título, foi surreal, gratificante demais. Valeu muito a pena tudo, faria novamente, 40 milhoes de pessoas queriam está lá e eu fui, Eu era um entre os 40 milhões de torcedores lá”, concluiu.
Saudações Rubro-negras.