Ninguém morre, se permanece vivo no coração de alguém. Diz esse ditado popular que se aplica inquestionavelmente a Euro Tourinho. Isso porque há um punhado de homens e mulheres que são eternos. Aprenderam a ancorar suas vidas nas profundezas dos oceanos do trabalho e da dignidade, e assim enfrentam as tempestades. São pessoas raramente encontradas, pois aprenderam a beber da fonte cristalina do respeito ao próximo como base do convívio social. Gente que valoriza a honra, a palavra empenhada, o Brasil, o cumprimento do dever, a solidariedade, a firmeza de caráter fundamentada na lei do Amor. Um punhado, apenas. Seria ótimo se fossem multidões – não nas badernas das ruas e nos atos de desrespeito e violências, tampouco ocupando as redes sociais com achismos e inverdades.
Conheci o jornalista Euro na redação do centenário jornal "Alto Madeira", onde trabalhei. Com a lupa nas mãos, diariamente ele minerava crases e vírgulas, plurais e sintaxes próprias da difícil arte de escrever. Onde se encontra um editor assim? Lá pelas quatro da tarde, ele compartilhava comigo um pedaço do delicioso bolo e do sanduíche de queijo e presunto que dona Maria havia feito para ele lanchar no trabalho. Onde se encontra um chefe assim? Onde se encontra um casamento assim? Ao aprovar o que seria impresso, a incansável luta pela verdade e dignidade do Jornalismo. Onde se encontra um jornalista assim? E antes de fechar a edição, a gentileza de se despedir de todos com um atencioso "até amanhã". Onde se encontra uma pessoa assim?
Euro Tourinho era um gigante frágil, um herói humano. Atuando na mídia durante décadas, soube conduzir-se de tal forma a ponto de ser um dos poucos homens que mais recebeu homenagens cívicas e militares de Rondônia. Certa vez ele me disse que não tinha tanta largura entre os ombros para colocar todas as medalhas que recebeu. Nesse quesito ele errou: os seres humanos mais notáveis não são os mais fortes, musculosos, que gritam mais alto ou que possuem mais votos ou armas. A raça humana precisa, sim, de mais mulheres e homens que passem pela família, pela escola, pelo trabalho, pela vizinhança, pela vida religiosa, pelas instituições sociais e marcam cada pisada com a insubstituível regra de Jesus: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Por isso, o Euro Tourinho que conheci continua sendo um amigo inesquecível. Que me ensinou a ser um jornalista melhor, uma pessoa melhor. Até breve, meu digníssimo chefe!