A pintora atendeu a ligação dela. Justamente dela. Valéria era extremamente provocadora.
- Como você está, madame? – Perguntou a outra.
Letícia não respondeu.
- Perdeu a voz, querida? – provocou a prostituta.
- É muita ousadia sua, Valéria – disse a artista.
A prostituta assustou-se ao ouvir seu nome sendo pronunciado pela esposa de Augusto.
- Você sabe como me chamo?
- Sei. Eu sei até o nome dos seus pais. Peço que evite entrar em contato comigo. É muito abuso da sua parte! Não estou interessada em te ouvir. A sua voz me irrita!
Valéria riu alto. Letícia gritou:
- Eu posso acabar com a tua vida. Sabia? Eu posso transformar sua vida num inferno. Você verá Lúcifer e não terá paz. Não haverá Deus. Só o diabo!
A prostituta viu Augusto caminhando sonolento na sua direção. Disfarçou:
- Sim, dona Sônia. Eu aceito assistir O despertar da primavera. Amo o teatro.
O advogado avançou em Valéria, pegou o telefone e gritou:
- Quem é você?
Letícia arregalou os olhos. Mário entrou na sala bêbado, quase caindo, derrubando os vasos. Deitou no tapete.
- Pensa que é um cliente, Augusto? – questionou Valéria.
- Penso. Você é uma devassa!
A prostituta acertou um tapa no advogado. Silêncio. Augusto jogou o telefone na parede. Acertou um murro na mulher. Ela caiu ferida no chão.
- Nunca mais me bata!
O homem saiu furioso. A vítima ficou caída por um breve momento. Tempo. Barulho do sino da igreja.
Valéria levantou. Ajeitou os cabelos loiros. Foi até a janela. Avistou o carro do advogado indo ao longe na rua. Ventava. O vestido dela balançava. A mulher olhou com raiva para o horizonte.
- Você me paga, canalha!
Continua...
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