Total de casos de varíola dos macacos no Brasil sobe para 37
Por Alberto Ayala
Capítulo 1
Ela trancou a porta do escritório. Respirou fundo. A janela encontrava-se aberta. Letícia estava abatida, sem paz. Sentou na poltrona. Fitou o quadro pendurado na parede.
Na tela, duas meninas negras brincavam num belo jardim. O marido saiu cedo da mansão. E ela sabia que ele tinha uma amante. Sabia. Augusto já não era o mesmo. Augusto mudara.
- Querido, você ainda me ama? - perguntava a esposa inúmeras vezes querendo ouvir a mentira.
Augusto sorria de um jeito cínico.
- Sim - respondia o mentiroso. - Nunca amei ninguém como eu te amo!
E tratava de beijar a mulher traída. Beijos falsos. E Letícia fazia do companheiro o seu deus. Fizera de um miserável mortal um ídolo.
Letícia ficou muitas noites na solidão. O advogado inventava dezena de viagens de negócios. Fazia isso para ter mais tempo com Valéria (a sua prostituta de luxo preferida). A outra o tragou absolutamente. Fez ele ficar louco de paixão.
A artista plástica gemia na alma. O olhar transmitia uma amargura intensa. A cabeça baixa denotava o seu sentimento de fracasso. Dedicava-se à literatura (com a finalidade de esquecer tantas desilusões). Lia bastante os sonetos de Florbela Espanca. Lia sentada no sofá, comovida, perdida. Ouvia músicas melancólicas no rádio. Tão bonitas! Sentava-se à mesa, tomava chá e comia biscoitos franceses. As lágrimas rolavam (inevitável contê-las).
CONTINUA...
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